Desafio político

Milei desafia Lula: jornal americano diz que sucesso argentino pode mudar o rumo da América Latina

Em editorial, o Wall Street Journal afirma que as reformas de Javier Milei podem inspirar uma guinada liberal na região e enfraquecer o populismo de esquerda.

Milei
Milei
  • WSJ afirma que Milei pode inspirar uma reação liberal contra o populismo de esquerda na América Latina.
  • Dolarização é vista como fundamental para garantir estabilidade e credibilidade econômica.
  • Resgate dos EUA, de US$ 20 bilhões, pode fracassar sem reformas monetárias profundas.

O Wall Street Journal (WSJ) avaliou neste domingo (12) que o avanço das reformas de Javier Milei pode redefinir o rumo político da América Latina. Segundo o editorial, o sucesso do presidente argentino seria uma vitória contra o populismo de esquerda, com impactos diretos sobre países como Brasil, Colômbia e Venezuela.

O texto elogia as medidas pró-mercado e o ajuste fiscal adotados por Milei, mas alerta que o socorro de US$ 20 bilhões dos Estados Unidos será ineficaz sem a dolarização da economia argentina, proposta que o presidente defendeu na campanha.

Resgate americano e crise cambial

Na semana passada, o Tesouro dos EUA criou um “marco de swap cambial” de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina, numa tentativa de conter a desvalorização do peso. A operação envolveu a compra direta de moeda local, em resposta à escassez de liquidez no país.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que a Argentina vive “um momento de iliquidez aguda” e prometeu “medidas excepcionais” para estabilizar o câmbio. Mesmo assim, o WSJ argumenta que a crise é de confiança, não de liquidez, e que a intervenção apenas adiou a pressão sobre o peso argentino.

“Sem confiança na moeda, não existe recuperação sustentável”, escreveu o editorial, reforçando que a incerteza monetária mina o impacto das reformas.


Reformas e resistência interna

De acordo com o jornal, Milei conseguiu melhorar o ambiente de negócios com cortes de gastos e redução da influência peronista sobre a economia. A inflação ainda supera 30% ao ano, mas o ajuste fiscal e o fim do controle estatal sobre setores-chave já elevam a credibilidade do governo.

Se Milei transformar suas reformas em sucesso econômico, a lição se espalhará pela América Latina”, afirma o texto. “Seria uma vitória contra a maré de populismo de esquerda que vem afetando o Brasil, a Colômbia e a Venezuela.”

Ainda assim, o WSJ questiona a resistência do governo argentino em adotar a dolarização, uma promessa de campanha. Segundo o jornal, a oposição interna parte do ministro da Economia, Luis Caputo, de fundos que lucram com o peso e do FMI, que teme perder influência.

Dolarização e o teste de credibilidade

Para o conselho editorial, a dolarização é essencial para restaurar a confiança na economia argentina. O WSJ cita o exemplo do Equador, que adotou o dólar em 2000 e derrubou a inflação em poucos meses.

Segundo o texto, sem o dólar como referência, a Argentina continuará vulnerável a crises cambiais e ao descrédito político. Ademais, o editorial ainda defende que os EUA pressionem Buenos Aires após as eleições legislativas de outubro, para garantir que o resgate bilionário não se perca em ineficiência fiscal.

“Sem dolarização, o Tesouro americano desperdiçará bons dólares atrás de maus pesos”, conclui o texto.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.