- Desde que Milei assumiu a presidência, a Bolsa Argentina registrou um aumento de 54%
- Outros indicadores econômicos também mostraram resultados positivos durante este período
- Risco Argentina, no entanto, também cai 1.739 pontos
Desde que o economista Javier Milei assumiu a presidência em 10 de dezembro de 2023, o S&P Merval, principal índice da Bolsa de Valores da Argentina, registrou um aumento de 54%. Atingindo, assim, 1.452.002 pontos na sexta-feira (3), em comparação com os 941.830 pontos em 7 de dezembro.
Além do crescimento da bolsa, outros indicadores econômicos também mostraram resultados positivos durante este período.
Após assumir a Casa Rosada, Milei implementou uma reforma administrativa abrangente, promovendo uma agenda reformista com privatizações e flexibilização das relações de trabalho. O libertário irá celebrar os primeiros resultados de seu programa econômico em um evento organizado pelo Milken Institute com investidores nesta segunda-feira (6) em Los Angeles, EUA. Será a primeira aparição pública internacional de Milei após a aprovação pela Câmara dos Deputados da Argentina da “Lei Ônibus”.
Risco Argentina cai 1.739 pontos, de 4.281 em 08/12, antes da posse do economista, para 2.542 em 3/5, segundo dados da Guide Investimentos.
A corretora Guide Investimentos forneceu exclusivamente ao Poder360 os dados. Essas informações levam em conta o CDS (Credit Default Swap) de 5 anos.
Na prática, investidores utilizam o CDS como um seguro para operações de crédito, prevenindo contra inadimplência em títulos e dívidas, e como medida da confiança na economia de um país. Quanto maior a pontuação, maior o risco para investidores estrangeiros.
Ainda “sob Milei“
O risco país da Argentina é altamente volátil devido à sua situação econômica incerta, resultando em variações bruscas. Em 29 de abril de 2024, o indicador era de 846 pontos, aumentando para 2.542 em 3 de maio, na última sexta-feira. Apesar das flutuações, a tendência geral indica uma queda na pontuação ao longo do tempo.
Sob Milei, o dólar oficial subiu 142%, fechando a semana cotado a 878,5 pesos; o dólar blue subiu 6%, equivalente a 1.040 pesos. O país registrou superavit fiscal no 1º trimestre de 2024, com 275 bilhões de pesos (aproximadamente US$ 313 milhões), o primeiro saldo positivo desde 2008.
A inflação, desafio contínuo, desacelerou para 11% em março, embora ainda afete principalmente os mais pobres, representando 41,7% da população, com um acumulado de 287,9% nos últimos 12 meses.
Com Milei, Argentina recupera atratividade para investimentos
A Argentina volta ao grupo dos 25 principais destinos de investimento estrangeiro global pela primeira vez desde 2013, segundo a Kearney. O país ocupa a 24ª posição no ranking, um pouco abaixo do Brasil, que voltou à lista dos 20 primeiros, ficando em 19º lugar neste ano. Mark Essle, sócio da Kearney no Brasil, atribui o retorno do Brasil à lista a fatores globais, como conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, não ao desempenho interno.
Após uma década de relativo ostracismo, as mudanças econômicas lideradas por Javier Milei na Argentina trouxeram, no entanto, esperança aos investidores, observa-se. O México também retornou à lista, ocupando a 21ª posição, possivelmente devido aos benefícios do nearshoring.
“Notavelmente, o mercado viu um aumento de 5,8% nas exportações para US$ 52,9 bilhões ano a ano em maio de 2023, com base na crescente demanda dos EUA, representando a segunda maior marca registrada”, diz trecho do relatório da Kearney.
A Kearney interpreta o retorno do Brasil, México e Argentina ao ranking de 2024 como reflexo do movimento crescente de reshoring, nearshoring e friendshoring.
A Kearney aponta para o Brasil acertos estruturais na macroeconomia, incluindo a histórica aprovação da reforma tributária. Mark Essle afirma: “Se bem implementada, desonerará a indústria e onerará os serviços. Agora, o país precisa criar um ambiente de negócios positivo, sem mudar as regras constantemente e sem sobretaxar empresas”.
O índice de confiança identifica, contudo, mercados com potencial para atrair investimento direto nos próximos três anos. Apesar disso, Mark Essle enfatiza: “É um estudo sobre o futuro, não sobre o passado”.
Na Argentina, apesar da inflação de 211% em 2023, elegeram o ultraliberal Javier Milei. A mudança econômica agradou executivos entrevistados pela Kearney.
“Em apenas dois meses, Milei conseguiu cumprir sua meta de ‘déficit zero‘, ou seja, deixar de ter as contas no vermelho. Os mercados reagiram positivamente, com os títulos e ações do país em alta, o dólar livre estabilizado e o ‘risco país’, que é um índice que mede a confiança na capacidade de um Estado para pagar sua dívida, no nível mais baixo em dois anos”, afirma Essle.