O presidente da Argentina, Javier Milei, deu início nesta quarta-feira a uma conferência de líderes da direita com o objetivo de fortalecer os laços entre figuras globais que compartilham uma visão ultraliberal, um movimento que se intensificou após a ascensão de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos. A Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), que começou na noite de terça-feira com apresentações culturais, reuniu personalidades políticas internacionais em Buenos Aires para debater a defesa da “liberdade” e do “libertarianismo”.
Milei, que assumiu a presidência da Argentina há um ano, tem se consolidado como uma figura central nesse campo político. A CPAC, que também contou com a presença de figuras como Lara Trump, nora do ex-presidente dos Estados Unidos, e o deputado federal brasileiro Eduardo Bolsonaro, foi palco de discursos inflamados e manifestações de apoio à agenda conservadora.
“O Ocidente está em perigo. Não deixem o socialismo avançar”, disse Milei durante a abertura do evento, com um tom enérgico que refletiu suas intenções de fortalecer as forças políticas de direita. Ele também se posicionou contra o aborto legal e a regulamentação econômica, chamando a atenção para o que chamou de “agenda assassina” que, em sua visão, ameaça a liberdade.
“Não se rendam na luta pela liberdade, viva a liberdade”, conclamou, enquanto gesticulava com entusiasmo.
Afirmou o presidente argentino em discurso.
A cúpula, que foi marcada por danças e apresentações culturais, contou com momentos descontraídos, como quando Lara Trump se juntou a Milei e outros líderes para dançar ao som de uma música popular do Village People. Este tipo de evento, com uma mistura de política e entretenimento, tem sido uma característica comum das conferências da CPAC, especialmente quando realizadas fora dos Estados Unidos.
Além dos participantes locais e regionais, a conferência contou com a presença de líderes conservadores de países como Hungria, onde Viktor Orbán tem implementado uma agenda política similar à defendida por Milei. O envolvimento de figuras de peso como Trump e Bolsonaro reforça a intenção de Milei de se alinhar com outros movimentos de direita globais, especialmente à medida que ele busca consolidar sua posição política dentro e fora da Argentina.
Milei, um economista que até recentemente era considerado um outsider da política argentina, tem impulsionado reformas ultraliberais desde que assumiu o poder. Ele tem se apresentado como um “libertário” que promete reformar profundamente a economia argentina. Durante o primeiro ano de seu governo, o presidente conseguiu estabilizar a economia, mas os custos sociais foram altos. O desemprego e a pobreza aumentaram, enquanto a inflação continua sendo um desafio constante.
Seu governo, no entanto, conta com o apoio de uma base crescente de cidadãos que abraçam sua visão radical de corte de gastos públicos e privatizações, além de uma resistência feroz ao que Milei chama de “agenda socialista”. Recentemente, o presidente argentino também se encontrou com Donald Trump, que, embora não tenha dado detalhes públicos sobre o encontro, demonstrou apoio à agenda política de Milei.
A relação de Milei com Trump tem sido vista por analistas como estratégica, dado o peso político e econômico que o ex-presidente dos EUA ainda exerce sobre o cenário global. Para Milei, manter um relacionamento estreito com figuras como Trump e Bolsonaro é fundamental para reforçar sua posição interna e também para garantir apoio internacional enquanto enfrenta desafios econômicos internos.
O evento, no entanto, também foi marcado por críticas. O Partido Justicialista argentino, principal oposição ao governo de Milei, apontou que a “liberdade” defendida por Milei não se reflete em políticas públicas que realmente melhorem as condições de vida da população. Segundo um estudo recente, a pobreza na Argentina aumentou 6% desde que Milei assumiu o cargo, o que eleva o total de argentinos abaixo da linha da pobreza para cerca de 40% da população.
Futuro da direita global
Com o crescente apoio da direita em várias partes do mundo, o sucesso da CPAC em Buenos Aires pode ser visto como um marco na formação de uma rede de líderes que buscam influenciar a política global com uma agenda ultraliberal.