- Diego Guevara prioriza o controle fiscal, evitando austeridade e propondo maior flexibilidade nas regras fiscais
- O peso colombiano se valorizou 0,9%, refletindo a confiança na gestão fiscal do novo ministro
- A inflação supera a meta, e o aumento do salário mínimo pode pressionar os preços, desafiando as decisões do Banco Central
A Colômbia se encontra em um momento crucial para sua economia, com o novo ministro da Fazenda, Diego Guevara, assumindo a responsabilidade de equilibrar a sustentabilidade fiscal. E, assim, garantir a confiança dos investidores em um cenário de desafios fiscais.
Guevara, que assumiu o cargo em janeiro de 2024, após a saída de seu antecessor devido a um escândalo de corrupção, tem sido enfático sobre a necessidade de uma gestão fiscal prudente. Contudo, sem recorrer a medidas de austeridade drásticas.
Em sua primeira entrevista pública, concedida no dia 10 de janeiro, o economista destacou que a Colômbia precisa evitar os erros de outros países da região, como o Brasil. Que, recentemente, enfrentou uma queda na confiança dos investidores devido a uma gestão fiscal considerada inconsistente.
Para Guevara, o controle da dívida pública é fundamental para evitar “consequências catastróficas”, especialmente em um momento de alta volatilidade econômica na América Latina. Assim, marcada por desafios fiscais e políticas econômicas controversas.
Intensa pressão
O governo do presidente Gustavo Petro, embora sob intensa pressão, tem se esforçado para seguir as normas fiscais estabelecidas pela legislação colombiana, mantendo o déficit dentro dos limites previstos para 2024.
Guevara também comentou que a regra fiscal, que impõe limites rígidos de gastos, deve ser revista para permitir maior flexibilidade em tempos de desafios inesperados. Ainda, como, eventos climáticos extremos e quedas nas receitas de setores chave, como o carvão.
Confiança dos investidores
A postura cautelosa do novo ministro parece ter gerado um impacto positivo nas finanças do país. O peso colombiano se fortaleceu em 0,9%, fechando a 4.306 por dólar, um reflexo direto da confiança dos investidores na gestão fiscal do governo.
O fortalecimento da moeda também reflete a expectativa de que o Banco Central da Colômbia possa manter uma política monetária mais restritiva, diante da pressão inflacionária.
A expectativa é de que o banco central possa, inclusive, interromper o ciclo de cortes na taxa de juros. Contudo, que, atualmente está em 9,5% ao ano, para controlar melhor a inflação, que continua acima da meta estabelecida.
Apesar do fortalecimento do peso, o governo colombiano tem enfrentado um cenário fiscal desafiador.
Em 2024, a Colômbia precisou cortar gastos após o Congresso rejeitar seu orçamento de 523 trilhões de pesos (cerca de US$ 120 bilhões) e uma proposta de aumento de impostos.
Essa rejeição forçou o governo a buscar alternativas para manter o equilíbrio fiscal. Assim, como a reprogramação de pagamentos de contratos de longo prazo para projetos estratégicos. Guevara garantiu que o governo continuará honrando seus compromissos, mas sem comprometer a sustentabilidade fiscal.
Inflação e salário mínimo
O cenário econômico também está sendo marcado pela pressão inflacionária, que tem desafiado o governo colombiano.
A inflação de 2024 fechou em 5,2%, superando mais uma vez a meta do Banco Central de 2% a 4%, pela quarta vez consecutiva.
Para Guevara, essa realidade exige uma postura cautelosa, especialmente com o aumento significativo do salário mínimo, que subiu quase 10%. Ele alertou que essa medida, embora necessária para garantir o poder de compra das famílias, pode gerar um impacto adicional sobre a inflação. Além de desafiar as políticas monetárias do país.
A pressão sobre os preços e a inflação tem levado o Banco Central a reavaliar sua estratégia. Guevara sugeriu que a política monetária poderia sofrer ajustes, com a suspensão do ciclo de cortes na taxa de juros, que vinha sendo adotada para estimular a economia.
A decisão de manter a taxa de juros elevada visa, em grande parte, controlar a inflação. Além de manter a estabilidade da moeda, mas também pode ter impactos sobre o crescimento econômico.
Sustentabilidade fiscal
A Colômbia, em meio a um cenário fiscal difícil, encontra-se em um ponto de inflexão. Sob a liderança de Diego Guevara, o governo tem se esforçado para equilibrar o controle fiscal, o crescimento econômico e a manutenção da confiança dos investidores.
A economia colombiana, que deve crescer cerca de 3% em 2024, enfrenta desafios consideráveis, mas também apresenta sinais positivos, como a valorização do peso e a estabilidade fiscal, fatores que podem ajudar o país a superar os obstáculos e a garantir um futuro mais seguro.
O novo ministro sabe que o equilíbrio entre o crescimento econômico e a disciplina fiscal será fundamental para evitar crises futuras.
E, apesar das críticas sobre os gastos públicos e a rigidez das regras fiscais, a Colômbia busca navegar por essas águas turbulentas com cautela, visão estratégica e um forte compromisso com a sustentabilidade fiscal.