Proteção de dados

Ministro do STF coloca sigilo de 100 anos em seu cartão de vacina

Ministro da Justiça nega divulgação do documento alegando proteção de dados pessoais.

Ricardo Lewandowski - foto: Marcelo Camargo
Ricardo Lewandowski - foto: Marcelo Camargo
  • Lewandowski usou a LGPD para negar o acesso ao cartão de vacinação
  • O sigilo de 100 anos segue o mesmo padrão adotado por Jair Bolsonaro
  • O ministro garantiu que sua vacinação está em dia conforme o calendário nacional

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, negou o acesso ao seu cartão de vacinação e determinou sigilo de 100 anos sobre o documento.

A decisão, divulgada após solicitação via Lei de Acesso à Informação (LAI), seguiu o argumento de que os dados são informações pessoais sensíveis, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Justificativa do ministério

O ouvidor-geral do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Sergio Gomes Velloso, afirmou que a divulgação do cartão violaria a privacidade do ministro.

Segundo Velloso, o artigo 5º, inciso II, da LGPD protege informações de saúde como dados sensíveis, limitando seu acesso público. Lewandowski referendou a decisão em 10 de fevereiro, mantendo a confidencialidade pelos próximos 100 anos.

O MJSP reforçou que a LAI, apesar de garantir o acesso a informações públicas, precisa respeitar normas como a LGPD. O órgão destacou que o sigilo busca proteger a intimidade, a vida privada e a honra, conforme previsto no artigo 31 da LAI.

Ainda assim, Lewandowski declarou que seu cartão de vacinação está completo e atualizado conforme o Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde para pessoas com mais de 60 anos.

Comparação com Bolsonaro

A atitude de Lewandowski gerou comparações com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também negou pedidos de acesso ao seu cartão de vacinação durante seu mandato.

Em 2023, a Controladoria-Geral da União (CGU), sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ordenou a divulgação das informações de Bolsonaro, criando precedente para casos semelhantes.

Caso da ministra Nísia Trindade

A negativa de Lewandowski ocorre em meio a questionamentos sobre a imunização de autoridades públicas. Recentemente, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, admitiu ter recebido apenas uma dose de reforço contra a Covid-19 em 2024.

A recomendação do ministério, no entanto, indica duas doses anuais para pessoas acima de 60 anos, devido à imunossenescência, que reduz a resposta do sistema imunológico. Nísia afirmou que atualizará a caderneta ainda nesta semana.

Proteção de dados e transparência

O sigilo de 100 anos, previsto na LAI para dados pessoais, gera debates sobre o equilíbrio entre privacidade e transparência de autoridades públicas.

Especialistas ressaltam que, embora a LGPD proteja informações individuais, a divulgação de dados de interesse público pode contribuir para a confiança na administração pública.

Apesar da polêmica, o MJSP reiterou que a decisão de Lewandowski segue a legislação vigente. O ministério afirmou que a proteção de dados pessoais é um direito constitucional. E, portanto, que a divulgação do cartão de vacinação violaria essa garantia, independentemente da função pública exercida pelo ministro.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ