
- Mobly denuncia proposta de recompra como fraudulenta e com conluio.
- Dubrule acusa Mobly de gestão danosa e conflito na fusão.
- Disputa expõe riscos em fusões com interesses divergentes.
A Mobly denunciou um suposto conluio da família fundadora da Tok&Stok na proposta de recompra das ações da empresa. A alegação é que o plano foi articulado para pressionar sua gestão e sabotar o controle acionário.
Em contrapartida, a família Dubrule acusa a Mobly de conduzir a fusão com conflitos de interesse e falhas na governança, reacendendo tensões sobre o futuro da rede de móveis. A crise expõe disputas estratégicas entre os grupos e coloca a operação sob o escrutínio do mercado e dos reguladores.
Mobly denuncia irregularidades na proposta
A Mobly divulgou nesta semana graves acusações contra a família Dubrule, fundadora da Tok&Stok. Segundo a empresa, a proposta de recompra apresentada pelos ex-controladores visa sabotar sua atuação na gestão da marca. A aquisição da Tok&Stok pela Mobly ocorreu em 2024, quando ela passou a deter 61,11% do capital da empresa.
Nesse sentido, a proposta, entregue simultaneamente ao conselho e à imprensa, gerou desconforto. De acordo com a Mobly, o movimento foi coordenado para pressionar sua direção e fragilizar sua imagem diante do mercado. A empresa também afirma que há evidências documentais que indicam conluio e tentativa de fraude nos valores oferecidos na operação de recompra.
Além disso, outro ponto levantado pela Mobly foi o valor da oferta. A família Dubrule propôs um preço 51% inferior ao último fechamento das ações e 82% abaixo do valor patrimonial. A empresa considera a proposta inviável e lesiva aos acionistas minoritários, já que desvaloriza de forma expressiva os ativos.
Por fim, a Mobly afirma que acionistas com mais de 40% do capital já declararam rejeição à proposta. Para a direção, esse apoio reforça a legitimidade de sua gestão e evidencia a fragilidade da oferta dos fundadores da Tok&Stok.
Família Dubrule rebate e denuncia conflito
Os Dubrule reagiram às acusações com igual veemência. Em nota, afirmaram que a proposta de recompra visa proteger a governança e impedir a destruição do legado da Tok&Stok. Para eles, a Mobly conduz a empresa com queima de caixa e sem direção estratégica.
Ademais, a família ainda apontou conflitos de interesse graves na fusão realizada em 2024. Segundo os Dubrule, os mesmos bancos que financiaram a operação também atuaram como assessores financeiros, o que fere normas básicas de compliance. Eles defendem que a negociação precisa ser revista judicialmente.
Então, para reforçar seus argumentos, a família destacou que a Tok&Stok segue operando com geração de caixa positiva. Em contrapartida, a Mobly acumula déficit operacional e perdas contábeis, o que coloca em risco a sustentabilidade do grupo.
Desse modo, o comunicado também denuncia uma tentativa de exclusão dos Dubrule dos processos decisórios. Eles afirmam que, como acionistas relevantes, deveriam ser consultados em estratégias-chave, o que não teria ocorrido.
Impactos e desafios para a governança
O impasse expõe os riscos das fusões entre empresas com histórias e culturas distintas. A Mobly aposta em digitalização e escalabilidade, enquanto a Tok&Stok opera com foco em lojas físicas e posicionamento de marca tradicional.
Para analistas, a disputa pode afetar a percepção do mercado sobre ambas. Enquanto a Mobly se esforça para mostrar que possui apoio de investidores, a família Dubrule tenta preservar sua imagem como fundadora de uma das maiores redes de móveis do país.
Além disso, o caso pode gerar precedentes para outras fusões em setores tradicionais. A atuação dos reguladores, como a CVM, será determinante para garantir transparência e evitar abusos de poder.
Nesse contexto, ambas as partes devem intensificar seus argumentos. Portanto, a Mobly tentará consolidar sua posição como controladora, e os Dubrule podem buscar apoio judicial e da opinião pública.