
- Moody’s elevou nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva.
- A agência citou avanços fiscais sob Lula e Campos Neto, além de resiliência econômica.
- País se aproxima do grau de investimento após 7 anos, o que pode atrair mais investimentos.
A agência de classificação de risco Moody’s surpreendeu o mercado nesta sexta-feira (25) ao elevar a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva. Sendo assim, o novo rating coloca o país a apenas um degrau do chamado grau de investimento, selo que chancela a solidez econômica de um país perante grandes fundos globais.
Na avaliação da Moody’s, o Brasil tem demonstrado forte resiliência frente a choques externos e internos, além de avanços relevantes na consolidação fiscal. Desse modo, o cenário de endividamento sob controle e a estabilidade das contas públicas foram centrais para a decisão.
Foco na responsabilidade fiscal
A agência destacou que a melhora no perfil fiscal brasileiro ocorre mesmo diante de ruídos políticos e desafios estruturais. A nota cita o aumento das receitas, a implementação de medidas de ajuste e o controle dos gastos como sinais de maturidade da política econômica.
Além disso, a Moody’s reconheceu que a trajetória da dívida pública melhorou significativamente. A expectativa é de que a relação dívida/PIB se estabilize e, eventualmente, inicie uma queda nos próximos anos. Esse resultado, segundo a agência, é reflexo direto da atuação coordenada entre o Executivo e o Banco Central.
Desse modo, o desempenho da equipe econômica liderada por Fernando Haddad foi elogiado de forma implícita, sobretudo pela persistência em buscar equilíbrio fiscal mesmo sob pressão por mais gastos. Ainda assim, o cenário segue desafiador e dependerá da manutenção dos compromissos atuais.
Sinal verde ao Banco Central
A política monetária conduzida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também teve peso na avaliação. A Moody’s afirmou que o Brasil vem mantendo a credibilidade de suas instituições e demonstrou capacidade de enfrentar pressões inflacionárias com medidas eficazes.
Ademais, o relatório ainda pontua que a autonomia do BC tem sido respeitada, o que reforça a previsibilidade do ambiente macroeconômico. O compromisso com metas de inflação e a redução dos riscos fiscais contribuíram para preservar a confiança dos investidores.
Portanto, para analistas, a avaliação positiva da Moody’s reflete a credibilidade conquistada pelo país ao longo da última década. “É um divisor de águas”, diz o economista-chefe de uma gestora local. “A volta ao grau de investimento agora parece uma questão de tempo, não de sorte.”
Impactos no mercado e nos investimentos
A decisão da Moody’s pode ter efeitos significativos sobre a entrada de capital estrangeiro no país. Fundos que só investem em países com grau de investimento já começam a monitorar o Brasil com mais atenção. A expectativa é de que o custo de captação do governo e das empresas caia nos próximos trimestres.
Além disso, a Bolsa reagiu bem à notícia, com o Ibovespa operando em alta na abertura. O dólar, por outro lado, recuou levemente, refletindo a melhora na percepção de risco. No mercado de juros, a curva precificou uma trajetória mais previsível, em linha com uma economia menos vulnerável a choques.
Apesar do otimismo, especialistas alertam que o último degrau até o grau de investimento exigirá continuidade. Por fim, a manutenção do arcabouço fiscal e o avanço de reformas estruturantes serão cruciais. “É uma boa notícia, mas não é hora de relaxar”, resumiu um gestor estrangeiro.