Pressão externa

Moraes quebra o silêncio e acusa articulação bolsonarista nos EUA de algo ainda mais grave

Ministro do STF chama ofensiva internacional de “traição à pátria” e liga bolsonarismo à sabotagem econômica contra o Brasil.

Alexandre de Moraes
Alexandre de Moraes - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
  • Moraes afirma que bolsonaristas agem para submeter o STF à pressão de um Estado estrangeiro.
  • Ministro vê articulação externa por anistia e uso político das tarifas de Trump como sabotagem.
  • Ações seriam tentativa de nova ruptura institucional, agora por meio da economia.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez um pronunciamento contundente nesta sexta-feira (1º) ao acusar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro de articular uma ofensiva internacional contra a democracia brasileira. Logo, para ele, a atuação do grupo configura “traição à pátria” e tem como objetivo pressionar o Judiciário por meio de interferência externa.

Durante a reabertura dos trabalhos do STF, Moraes afirmou que há uma tentativa consciente e coordenada de usar governos estrangeiros para influenciar decisões da Corte, desestabilizar a economia e forçar uma ruptura institucional. A fala acontece em meio ao agravamento das tensões entre Brasil e Estados Unidos após o tarifaço de Donald Trump.

Ataques de fora, pressão por dentro

De acordo com Moraes, há provas de que aliados de Bolsonaro vêm atuando junto a autoridades americanas em defesa de interesses próprios, incluindo a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciadas recentemente pelos EUA. O ministro atribui a ofensiva a um plano político com o objetivo de enfraquecer a economia nacional e, com isso, atingir a credibilidade das instituições.

Além disso, para ele, essa articulação envolve uma “organização criminosa”, que teria como objetivo final “submeter o funcionamento do Supremo ao crivo de um Estado estrangeiro”. Segundo o ministro, tal prática é inédita no país e envolve ações dolosas e conscientes de sabotagem nacional.

Portanto, Moraes foi enfático ao dizer que essas práticas não representam patriotismo, mas sim traição. “Assumem a autoria da intermediação com o governo estrangeiro para imposição de medidas econômicas contra o próprio país”, afirmou. “São condutas ilícitas e imorais.”

Golpismo com nova estratégia

O ministro, que também é relator das ações penais sobre o 8 de janeiro, comparou as ações atuais dos aliados de Bolsonaro com os atos golpistas anteriores. Para ele, o padrão se mantém: antes com acampamentos e invasões, agora com tentativa de criar instabilidade econômica por meio da influência internacional.

“A tentativa é de provocar uma nova ruptura institucional com meios diferentes, mas com a mesma essência golpista”, afirmou Moraes. Assim, ele alertou que essa ofensiva agora se utiliza da diplomacia paralela para sabotar a democracia sob o disfarce de articulação política legítima.

Desse modo, o objetivo seria enfraquecer o STF, desestabilizar a economia e desacreditar as eleições futuras. Portanto, segundo Moraes, essas ações não são isoladas, mas parte de um projeto político que não aceita os resultados das urnas nem os limites da Constituição.

Intimidação e chantagem institucional

Além da articulação com atores externos, Moraes também apontou tentativas internas de coação. De acordo com o ministro, há registros de ameaças diretas a ministros do STF e suas famílias, além de pressões sobre os presidentes da Câmara e do Senado para abertura de impeachments contra magistrados.

Ademais, o objetivo, segundo ele, seria frear os processos contra os réus do 8 de janeiro e desmontar a responsabilização de quem promoveu os atos golpistas. “Não estão lidando com milicianos, estão lidando com ministros do Supremo Tribunal Federal”, afirmou em tom firme.

Por fim, Moraes concluiu dizendo que a Corte permanecerá firme e não se deixará intimidar. “Enganam-se ao esperar fraqueza institucional”, declarou.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.