
- CEO do Itaú evitou comentar possíveis impactos da Lei Magnitsky sobre empresas brasileiras.
- Milton Maluhy afirmou que o banco cumpre todas as legislações internacionais e locais.
- Itaú teve lucro de R$ 11,5 bilhões no 2T25, com alta de 14,3% e foco em governança e compliance.
Em meio à repercussão das sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o CEO do Itaú Unibanco (ITUB4), Milton Maluhy Filho, afirmou nesta terça-feira (6) que o banco cumpre rigorosamente as leis em todas as jurisdições onde atua. A declaração foi dada durante a call de resultados do segundo trimestre, quando foi questionado sobre possíveis desdobramentos da Lei Magnitsky para o setor bancário.
Apesar da pressão por respostas, Maluhy evitou comentar diretamente a aplicação da lei americana a outras autoridades brasileiras ou a empresas envolvidas com investigados. O executivo disse que o Itaú não trabalha com hipóteses e destacou que, por questões legais e de privacidade, não pode tratar de casos específicos.
Lei dos EUA gera incertezas sobre bancos e empresas
A Lei Magnitsky, sancionada em 2012 nos Estados Unidos, permite a aplicação de sanções a indivíduos e entidades envolvidas em corrupção ou violações de direitos humanos, em qualquer parte do mundo. Na prática, os alvos podem ter seus bens congelados, vistos suspensos e acesso ao sistema financeiro internacional bloqueado.
Ademais, a legislação voltou ao centro do debate no Brasil após os EUA sancionarem Moraes, o que provocou dúvidas sobre impactos em instituições que mantêm relação direta ou indireta com ele. Isso inclui bancos, empresas públicas e privadas, e até fornecedores de serviços jurídicos e financeiros.
Por fim, questionado sobre a possível ampliação das sanções, Maluhy respondeu com cautela. “Discutir extensão é algo que eu prefiro não comentar”, disse. “Esse é um tema que não temos controle algum.” Ele reforçou que o Itaú atua com base em princípios de conformidade e que “não discute o campo das hipóteses”.
Conformidade e assessoria jurídica internacional
O CEO do Itaú ressaltou que o banco tem estrutura jurídica preparada para lidar com diferentes legislações, tanto no Brasil quanto no exterior. Atualmente, o Itaú opera em 19 países e mantém relações comerciais com fornecedores globais, o que exige atenção redobrada a normas internacionais, sobretudo em momentos de tensão política e diplomática.
“Cumprimos rigorosamente as leis de todas as jurisdições onde atuamos. Nos cercamos dos melhores consultores jurídicos e mantemos equipes especializadas, inclusive com advogados externos.” Segundo ele, essa estrutura garante que o banco esteja sempre em conformidade com regras locais e internacionais, inclusive no que diz respeito a operações com parceiros e fornecedores.
Nesse sentido, a fala do executivo veio em tom institucional, sem entrar em polêmicas políticas. Ele também citou a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como um dos motivos para não comentar casos específicos. Desse modo, analistas viram a cautela como uma tentativa de blindar o banco de futuros envolvimentos em investigações relacionadas à aplicação da Lei Magnitsky.
Lucro em alta reforça solidez do Itaú
Além da repercussão do caso Moraes, a call também apresentou os resultados financeiros do Itaú no segundo trimestre de 2025. O banco reportou lucro líquido recorrente de R$ 11,5 bilhões no período, número que representa uma alta de 14,3% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
Além disso, o resultado veio em linha com as expectativas de mercado, reforçando a resiliência do banco diante do cenário econômico desafiador e das turbulências políticas. Apesar das incertezas geradas por eventos como o tarifaço americano e possíveis sanções adicionais, o Itaú tem mantido crescimento sustentável e sólida governança.
Por fim, mesmo diante do risco regulatório internacional, investidores e analistas enxergam o Itaú como bem posicionado para resistir a choques externos. A atuação preventiva do banco em temas jurídicos e de compliance destaca-se como diferencial em meio ao aumento do escrutínio global sobre empresas brasileiras, segundo especialistas.