MRV enfrenta quedas e mais em 2024: o que aconteceu?

Em um cenário marcado por incertezas e revisões, as ações da MRV&Co (MRVE3) têm enfrentado um período desafiador no início de 2024. Com uma baixa acumulada de 30%, a empresa viu suas ações desabarem mais de 11% apenas na última quinta-feira, em meio a especulações sobre uma mudança de guidance em fevereiro e reações à divulgação da prévia operacional.

Os dados apresentados pela MRV&Co, a princípio, pareciam positivos. O segmento de incorporação do grupo registrou, no quarto trimestre de 2023, a primeira geração de caixa após três anos de fluxo negativo, atingindo R$ 137,2 milhões nos últimos três meses do ano. Adicionalmente, a incorporadora divulgou vendas de R$ 2,3 bilhões no trimestre, um aumento de 55,8% em comparação ao ano anterior, e fechou 2023 com vendas líquidas de R$ 8,5 bilhões, um crescimento de 45% e marcando recordes históricos para a empresa.

Apesar desses números encorajadores, algumas casas de análise têm revisado para baixo suas projeções para as ações da MRV&Co, ainda que as vejam como atrativas. O Itaú BBA, por exemplo, após analisar as prévias operacionais do quarto trimestre, adotou uma visão mais conservadora. O banco cortou sua projeção de lucro em 40% para 2024 e 2025, mas manteve a recomendação de outperform para as ações, com um preço-alvo de R$ 12 para 2024, indicando um potencial de valorização de 43%.

Por sua vez, o Bradesco BBI destacou a forte queda das ações no ano devido aos temores relacionados à expectativa de lucro por ação (LPA) para 2024. O banco vê o turnaround da MRV como tendo ultrapassado seu ponto crítico em 2023, mas considera que 2024 ainda é um ano de transição para a empresa. O Bradesco BBI estima um crescimento significativo do LPA contratado para 2025, mas alerta para a possibilidade de cortes nos resultados financeiros da MRV.

A XP Investimentos reiterou a recomendação de compra para as ações após a prévia operacional, observando que a MRV apresentou dados ligeiramente positivos no quarto trimestre de 2023, apesar de um cenário de caixa ainda pressionado nas operações brasileiras. A casa de análise manteve a recomendação de compra e o preço-alvo de R$ 17 por ação.

O BTG Pactual, por sua vez, expressou preocupação com o cumprimento do guidance da MRV para 2024, principalmente em relação à margem bruta mais fraca e despesas financeiras elevadas. O banco planeja revisar seus números em breve, incorporando as perspectivas mais desafiadoras e os desenvolvimentos recentes. Assim como a XP e o BBI, o BTG mantém a recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 17.

O Santander também tem a mesma recomendação, mas com um preço-alvo um pouco mais baixo, de R$ 16. O banco destaca a melhoria operacional contínua e o valuation atrativo para 2025. No entanto, aponta que o desempenho das ações no curto prazo deve permanecer desafiador, apesar de uma sólida prévia operacional.