
Nos últimos dias, circularam nas redes sociais rumores explosivos: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estaria prestes a se unir à milícia bolivariana da Venezuela para enfrentar os Estados Unidos ao lado do ditador Nicolás Maduro.
A teoria ganhou força depois que o ditador Maduro apareceu em público usando um boné do MST e exaltou o movimento brasileiro, pedindo inclusive o envio de “mil homens e mulheres” para ajudar na produção agrícola em solo venezuelano. Mas, afinal, há fundamento nessa história ou trata-se apenas de mais uma narrativa inflada pela polarização política?
O manifesto do MST
O MST de fato publicou um manifesto declarando apoio político e ideológico ao governo venezuelano. No documento, o movimento critica as sanções impostas pelos Estados Unidos e afirma solidariedade ao “povo chavista” diante do que considera uma tentativa de desestabilização externa.
No entanto, em nenhum momento há menção a qualquer tipo de envolvimento militar ou envio de militantes para integrar milícias. O texto se limita a uma posição de alinhamento político e ideológico, algo que o grupo já havia feito em outras ocasiões.
Mesmo assim, a junção entre o apoio público e a imagem de Maduro com o boné do MST foi suficiente para gerar interpretações distorcidas e narrativas conspiratórias.
O gesto de Maduro e a convocação interna
A polêmica reacendeu em agosto, quando Maduro apareceu com o boné vermelho do MST em um evento transmitido pela TV estatal. O gesto foi visto como um aceno de aproximação ao movimento brasileiro e serviu de combustível para teorias sobre uma suposta “brigada internacional” a caminho da Venezuela.
Ao mesmo tempo, o líder chavista convocou milhões de milicianos venezuelanos para se apresentarem nos quartéis do país. Essa mobilização, porém, diz respeito a um programa interno da Venezuela, sem qualquer relação oficial com organizações estrangeiras.
O uso simbólico do MST foi, sobretudo, uma estratégia política de Maduro para reforçar o discurso de solidariedade internacional contra o que ele chama de “imperialismo norte-americano”.
Fake news ou realidade?
A narrativa de que o MST se juntaria à milícia chavista se encaixa no padrão de boatos que circulam em períodos de alta tensão política. A combinação de símbolos, discursos inflamados e redes sociais cria o ambiente perfeito para a disseminação de versões distorcidas.
Na prática, até agora não existe nenhuma evidência concreta de que o MST enviará membros à Venezuela para atividades militares. O movimento se posiciona politicamente, mas nega qualquer envolvimento bélico.
Ainda assim, a simples ideia de uma possível aliança já é suficiente para gerar debates acalorados e teorias de conspiração que viralizam em ambientes digitais altamente polarizados.
Pontos principais
- MST declarou apoio político à Venezuela, mas não falou em envio de militantes armados
- Maduro usou boné do MST e fez convite simbólico para agricultores brasileiros atuarem no país
- Boatos nas redes sociais distorceram o gesto e criaram narrativa de aliança militar