
- Os EUA criaram uma nova taxa de visto de US$ 250, elevando o custo total para US$ 442.
- O turismo internacional já recua em 2025 e deve movimentar US$ 12 bilhões a menos que no ano anterior.
- A medida ameaça afastar visitantes de países-chave e pressiona empresas listadas ligadas ao setor de viagens.
Os Estados Unidos vivem um momento de pressão crescente no setor de turismo internacional. A criação de uma “taxa de integridade de visto” de US$ 250, que entra em vigor em 1º de outubro, deve elevar o custo total do documento para US$ 442. A medida coloca o país entre os mais caros do mundo para turistas estrangeiros e pode ampliar a queda recente no número de visitantes.
Em julho, as chegadas internacionais recuaram 3,1% em relação ao mesmo mês de 2024, somando 19,2 milhões de visitantes. Foi o quinto mês de retração no ano, frustrando expectativas de retomada pós-pandemia. O resultado acende um sinal de alerta porque o setor esperava superar ainda em 2025 o patamar de 79,4 milhões de turistas, registrado em 2019.
Impacto direto no turismo e no consumo
Analistas afirmam que a nova taxa cria mais atrito em um mercado já fragilizado. Segundo a Altour, empresa global de gestão de viagens, o aumento dos custos pressiona orçamentos e pode afastar visitantes em busca de destinos mais acessíveis. A tendência é que gastos de turistas internacionais nos EUA recuem para US$ 169 bilhões neste ano, abaixo dos US$ 181 bilhões de 2024.
A redução no fluxo de viajantes compromete não apenas hotéis e companhias aéreas, mas também varejistas, restaurantes e entretenimento, setores fortemente ligados ao consumo estrangeiro. Para investidores, a projeção de queda no volume de viagens adiciona risco às empresas listadas em bolsa que dependem diretamente do turismo internacional.
No longo prazo, a percepção de que os EUA se tornaram um destino menos acolhedor pode reduzir a atratividade de grandes eventos futuros, como a Copa do Mundo de 2026 e as Olimpíadas de Los Angeles em 2028.
Reação global e efeitos regionais
A medida atinge principalmente países sem isenção de visto, como Brasil, México, Argentina, Índia e China. O impacto é mais sensível na América Latina, região que vinha apresentando crescimento nas viagens aos EUA. Só em maio, visitantes mexicanos aumentaram em quase 14% e argentinos em 20%. Brasileiros também registraram alta de 4,6% no acumulado do ano.
Com a nova taxa, consultores temem que esse movimento positivo perca força. Além disso, cresce a preocupação de que governos estrangeiros adotem medidas de reciprocidade, elevando os custos para turistas americanos. Essa perspectiva cria incerteza para companhias aéreas, operadoras de turismo e plataformas digitais que atuam globalmente.
Portanto, na China e na Índia, os números seguem abaixo do esperado. Em julho, as chegadas chinesas ainda estavam 53% abaixo do nível pré-pandemia, enquanto as indianas caíram 2,4% no acumulado do ano, pressionadas por queda expressiva nos estudantes.
Pressão política e imagem dos EUA
As medidas reforçam a visão de que a administração Trump aposta em um endurecimento constante da política de imigração. Em agosto, o governo já havia sinalizado a exigência de fianças de até US$ 15 mil para alguns visitantes. Também avançou com propostas para limitar vistos de estudantes e profissionais de intercâmbio.
Especialistas avaliam que esse conjunto de ações deteriora a imagem internacional dos EUA e pode comprometer a competitividade do setor de turismo. Ademais, o risco é que a percepção de hostilidade se traduza em uma queda prolongada no número de visitantes, mesmo diante de esforços de marketing e grandes eventos esportivos.
Por fim, para os investidores a mensagem é clara: a indústria de viagens americana enfrenta uma crise de confiança, e a nova taxa de visto funciona como catalisador de um ciclo negativo para consumo, emprego e arrecadação.