Musk desistiu da Casa Branca às pressas para conter crise na Tesla

• Programa DOGE promete economia de até US$ 150 bilhões, apesar das controvérsias e processos judiciais
• Bilionário nomeia aliados e assume protagonismo na reforma administrativa de Trump
• Musk transforma cargo simbólico em cruzada política e diz que DOGE é um “modo de vida”

Elon Musk encerrou seu mandato como conselheiro especial do governo Donald Trump após quatro meses de atuação, mas sua passagem pela Casa Branca marcou mais do que apenas um cargo decorativo.

O bilionário sul-africano-americano, aos 53 anos, foi o principal articulador do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental). Contudo, uma iniciativa ambiciosa que buscava reduzir custos, cortar cargos e remodelar a estrutura administrativa dos Estados Unidos.

Mesmo se autodenominando “diretor de nada”, Musk rapidamente assumiu o protagonismo e virou um para-raios de críticas e controvérsias. Ele criou um culto de personalidade em torno do DOGE, chegando a dizer que o programa era “um estilo de vida, como o budismo”. A missão não só continuou a funcionar como se fortaleceu com o tempo, ganhando status de plataforma política informal do magnata.

Ambição ornamentária

A proposta do DOGE não era apenas simbólica. Musk redesenhou a ambição orçamentária do projeto, cortando drasticamente a meta inicial de US$ 2 trilhões em economia proposta por Trump para uma mais modesta, mas ainda robusta, economia de US$ 150 bilhões, contudo, um impacto fiscal de 92,5%.

A reestruturação incluiu a eliminação de milhares de cargos federais e questionamentos sobre privilégios e benefícios de funcionários públicos.

A atuação de Musk, no entanto, despertou alarme entre democratas e republicanos. Enquanto parte do Congresso pressionava pela reversão de subsídios a energias renováveis dos quais a Tesla se beneficiava, outras alas criticavam o grau de influência que o CEO da Tesla, SpaceX e XAI exercia sobre o governo.

“É uma autoridade informal sem precedentes para um empresário com tantos interesses financeiros”, afirmou uma fonte próxima à administração.

Trump, por sua vez, ignorou as críticas e confiou cegamente no bilionário. Durante o período, Musk organizou reuniões, sugeriu projetos, e indicou substitutos para cargos estratégicos. Entre os nomes aprovados por Trump estavam Steve Davis, Antonio Gracias e Anthony Armstrong, todos próximos de Musk, e agora à frente de setores-chave como Administração de Serviços Gerais e Gestão de Recursos Humanos.

Proposta da estatal

A proposta de transformação estatal virou alvo de processos judiciais. A atuação do DOGE gerou dúvidas sobre a legalidade de certas medidas e sobre a responsabilização por decisões de cortes orçamentários. Críticos apontaram opacidade, falta de métricas claras e uso indevido de recursos para impulsionar interesses privados.

Apesar do fim oficial do seu período no governo, com previsão para encerrar em 30 de maio, Musk sinalizou que sua influência sobre Washington não acabou. Em suas redes sociais, agradeceu a Trump por “entender a importância de cortar os gastos desnecessários” e prometeu continuar o projeto por fora do governo.

A sombra de Musk deve permanecer sobre a política americana nos próximos meses, especialmente se Trump se aproximar da reeleição. O bilionário já articula com investidores, pensa em criar seu próprio partido político e quer tornar o DOGE um modelo replicável ao redor do mundo.