Tecnologia e varejo

Negócio secreto do iFood pode valer R$ 10 bilhões; entenda o motivo

Plataforma de delivery aposta em fidelização, cashback e integração total com varejo físico e digital.

Ifood
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  • iFood compra 20% da CRMBonus e pode assumir controle total por R$ 10 bilhões.
  • Empresas integram soluções de fidelização, cashback e CRM com foco em dados e consumo local.
  • Sinergias devem ampliar a atuação do iFood em varejo físico, delivery e benefícios corporativos.

O iFood deu mais um passo estratégico para ampliar sua atuação no varejo e fortalecer sua proposta de valor para parceiros. Assim, a empresa anunciou a compra de 20% da CRMBonus, plataforma especializada em cashback e programas de fidelidade, tornando-se seu segundo maior acionista.

Embora minoritária no primeiro momento, a operação poderá evoluir para uma aquisição integral. Desse modo, o contrato prevê a possibilidade de o iFood comprar 100% da CRMBonus em até três anos, por um valor estimado de R$ 10 bilhões, condicionado a metas de desempenho.

Aliança entre gigantes de tecnologia

A negociação marca a união de duas empresas brasileiras de tecnologia com histórico de inovação em seus setores. De um lado, o iFood domina o delivery de alimentos; do outro, a CRMBonus revoluciona o relacionamento com o consumidor final. O primeiro investimento, estimado em R$ 440 milhões, representa um upround em relação à última rodada da startup, avaliada em R$ 2,2 bilhões em 2024.

Além disso, ambas já mantinham uma parceria comercial. Desde o ano passado, o iFood oferece descontos mensais aos assinantes do Clube iFood por meio do Vale Bônus da CRMBonus, que conecta consumidores a promoções em diversos segmentos. O sucesso da colaboração levou à aproximação societária.

Portanto, com a entrada do iFood no capital, a expectativa é destravar sinergias importantes. A plataforma busca fortalecer o iFood Benefícios, expandir o Clube iFood e integrar o cashback ao seu braço financeiro, o iFood Pago, que oferece crédito e soluções de gestão para restaurantes.

Aposta em CRM e monetização de dados

O movimento também sinaliza o interesse do iFood em dominar a jornada do consumidor. A CRMBonus tem expertise em oferecer soluções personalizadas de CRM, usando dados para criar campanhas eficazes de fidelização. Um exemplo é o “Bônus Ads”, que permite ao restaurante conceder descontos em estabelecimentos vizinhos, aumentando o tráfego local e diversificando as ofertas.

Ademais, esse modelo atraiu players de peso. A Azul, por exemplo, envia mensagens com cupons de desconto a passageiros que desembarcam em determinadas cidades. A ferramenta gera valor tanto para os lojistas quanto para a CRMBonus, que monetiza cada interação entre marca e cliente.

Segundo fontes ligadas à operação, esse tipo de integração será fundamental para os planos do iFood. A empresa pretende ampliar a oferta de benefícios não apenas no setor de alimentação, mas também em categorias como mobilidade, farmácias e conveniência. Dessa forma, o investimento pode impulsionar toda a cadeia de consumo.

Crescimento acelerado e caixa robusto

Fundada em 2017, a CRMBonus cresce de forma acelerada. Em 2024, a empresa faturou R$ 250 milhões e projeta alcançar R$ 1 bilhão nos próximos três anos. Com margens elevadas e geração de caixa consistente, a startup despertou o interesse de grandes investidores desde a Série A.

Sendo assim, entre os acionistas estão Softbank e Bond Capital, que lideraram rodadas de investimento avaliando a companhia em até R$ 2,2 bilhões. A maior parte dos recursos do iFood será utilizada para recomprar participações desses investidores, que aceitaram diluições proporcionais.

A entrada do iFood ocorre em um momento estratégico. A CRMBonus desenvolve uma nova vertical baseada em inteligência artificial, capaz de sugerir presentes personalizados com entrega imediata. Para o CEO da empresa, Alexandre Zolko, a parceria “tem potencial de transformar o varejo assim como o iFood transformou os restaurantes.”

Expectativas e próximos passos

A transação depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o que deve ocorrer nos próximos meses. Embora a aquisição total ainda esteja distante, o valor estipulado já mostra a confiança nas sinergias geradas.

Além disso, Diego Barreto, CEO do iFood, afirmou que “as duas marcas juntas têm um potencial imenso para mudar a vida de consumidores e parceiros.” A empresa enxerga o negócio como uma ponte para aumentar seu alcance no varejo físico, digital e híbrido.

Por fim, ao concentrar dados, canais e benefícios, o iFood se posiciona como um hub completo para consumo, fidelização e finanças. Caso concretize a aquisição integral, poderá consolidar uma das maiores plataformas de engajamento do Brasil.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.