
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para permitir a nomeação de parentes em cargos políticos. A decisão reconhece que prefeitos, governadores e o presidente da República podem indicar familiares para funções de confiança, como secretários e ministros.
O entendimento representa uma mudança relevante na interpretação sobre nepotismo no serviço público, até então vetado de forma ampla por decisões anteriores e pela Súmula 13 do próprio tribunal.
STF autoriza indicação de familiares a cargos de confiança
Com a nova posição, o STF passou a considerar que cargos políticos de confiança não se enquadram na vedação tradicional ao nepotismo.
A decisão nasceu a partir de um caso envolvendo a nomeação de familiares em uma prefeitura do interior de São Paulo, mas o julgamento ganhou repercussão geral e passa a valer para todo o país.
O relator, ministro Luiz Fux, argumentou que a escolha de auxiliares diretos é prerrogativa do chefe do Executivo e, portanto, não pode ser limitada por vínculos familiares — desde que a nomeação não represente favorecimento indevido.
Ao menos seis ministros acompanharam esse entendimento, formando maioria e consolidando uma mudança de postura dentro da Corte.
Repercussão e críticas à decisão
A decisão dividiu opiniões no meio político e jurídico. Críticos apontam que a medida abre espaço para o retorno do clientelismo e enfraquece a moralidade administrativa. Já os defensores argumentam que os cargos políticos exigem confiança pessoal e que restringir indicações familiares poderia limitar a liberdade de escolha dos governantes.
Especialistas avaliam que a decisão amplia a responsabilidade dos gestores em demonstrar que as nomeações são baseadas em critérios técnicos e não apenas em laços pessoais.
O tema deve reacender debates sobre ética na administração pública e sobre os limites entre a confiança política e o favorecimento familiar.
Impacto político e institucional
Na prática, prefeitos, governadores e até o presidente poderão indicar cônjuges, filhos ou outros parentes para cargos de natureza política. O desafio, segundo analistas, será manter a transparência e o controle social sobre essas escolhas.
O novo entendimento também deve influenciar as campanhas eleitorais de 2026, já que o combate ao nepotismo sempre foi bandeira de moralização da política.
A decisão marca um ponto de inflexão na relação entre o Judiciário e o Executivo, redefinindo os limites da autonomia governamental frente aos princípios da impessoalidade e da ética pública.
Resumo dos três pontos principais
- STF formou maioria e passou a permitir indicações de parentes em cargos políticos de confiança.
- Decisão tem repercussão geral, valendo para União, estados e municípios.
- Críticos alertam para o risco de retrocesso ético e aumento do clientelismo na política.