O cenário político digital foi novamente agitado por uma produção do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Conhecido por sua habilidade em viralizar conteúdos nas redes sociais, o parlamentar mineiro lançou um vídeo impactante onde defende abertamente a concessão de anistia para as pessoas condenadas devido à participação nos ataques ocorridos em Brasília no dia 8 de Janeiro de 2023. A nova peça de comunicação segue uma linha visual e estratégica similar àquela utilizada no famoso “vídeo do Pix”, que exerceu pressão sobre o governo federal e contribuiu para um recuo em mudanças planejadas na fiscalização das transações.
O sucesso da nova publicação é inegável: em menos de 24 horas após seu lançamento no Instagram, o vídeo já havia acumulado a impressionante marca de mais de 36 milhões de visualizações. Este número expressivo demonstra o alcance e a capacidade de mobilização do deputado entre seus seguidores e no debate público mais amplo. No vídeo, Nikolas adota uma estética sóbria, aparecendo em um fundo preto e vestindo roupas escuras, um formato que busca conferir seriedade e foco à sua mensagem. Ele se dirige diretamente aos espectadores, convocando-os a buscar mais informações sobre o tema da anistia e a refletir sobre os desdobramentos judiciais do 8 de Janeiro.
O argumento central apresentado por Nikolas é que o debate sobre a anistia é necessário e legítimo. Para sustentar seu ponto, ele estabelece uma comparação de impacto que gerou bastante discussão: ele contrapõe um episódio da luta antirracista nos Estados Unidos, liderada pelo icônico Martin Luther King Jr., com o caso específico de Débora Rodrigues dos Santos. Débora, uma cabeleireira, foi condenada a 14 anos de prisão por ter pichado a frase “perdeu mané” na estátua do Supremo Tribunal Federal (STF) durante os atos. A menção a Martin Luther King, nesse contexto, parece ser usada para questionar a severidade da pena aplicada a Débora, sugerindo uma desproporção entre a ação dela e a punição recebida, especialmente quando comparada a atos históricos de desobediência civil.
É importante notar que, recentemente, Débora Rodrigues dos Santos obteve o direito de cumprir sua pena em regime domiciliar. A decisão foi baseada na necessidade de cuidar de seus filhos, um fator humanitário considerado pela Justiça. No entanto, a condenação original de 14 anos continua sendo um ponto central na argumentação de Nikolas e de outros apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para esse grupo político, a defesa da anistia se baseia na percepção de que as penas aplicadas aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro são “desproporcionais” e teriam um caráter de “vingança”, em vez de justiça.
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No decorrer do vídeo, Nikolas Ferreira não se limita ao caso de Débora. Ele cita outros exemplos de manifestantes que foram presos e enfrentam condenações consideradas pesadas por seus defensores. Além disso, o deputado traça um paralelo com protestos realizados por grupos identificados como de esquerda. Segundo ele, esses grupos teriam promovido atos com potencial destrutivo ou disruptivo, mas não teriam recebido punições com rigor similar ao que está sendo aplicado aos participantes do 8 de Janeiro. Essa comparação alimenta a narrativa de um suposto tratamento desigual por parte do sistema de Justiça.
“O dia 8 foi lamentável. Justiça é punir sem vingança”, afirma Nikolas em um momento chave do vídeo, buscando reforçar sua posição de que as punições deveriam ser justas, mas não excessivas ou movidas por revanchismo político. A produção audiovisual é encerrada com uma convocação direta aos seus espectadores: ele chama o público para comparecer ao ato que foi convocado por Jair Bolsonaro, marcado para o próximo domingo, 6 de abril, na Avenida Paulista, em São Paulo. Esse chamado reforça a ligação entre a pauta da anistia e a mobilização da base bolsonarista.
