Nísia Trindade afirmou que sofreu “uma campanha sistemática e misógina de desvalorização”

• Ex-ministra denuncia ataques sistemáticos que desvalorizavam seu trabalho e capacidade
• Nísia aponta a forma prejudicial e preconceituosa da cobertura jornalística sobre sua saída do ministério
• Novo ciclo no governo com a posse de novos ministros e a continuidade das políticas públicas

Em um discurso contundente na última segunda-feira (10.mar.2025), a ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que sofreu uma “campanha sistemática e misógina de desvalorização” de seu trabalho, capacidade e idoneidade ao longo de seus 25 meses à frente da pasta.

Ela fez a emocionante fala durante a posse de Alexandre Padilha na Saúde e Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), sendo aplaudida de pé.

Críticas à imprensa e misoginia

A ex-ministra não poupou críticas ao tratamento recebido pela mídia durante sua gestão.

“Embora o sentimento predominante em mim seja de satisfação por ter feito parte da equipe do presidente Lula, e de ter servido ao meu país, não posso esquecer que durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade”, declarou Nísia, visivelmente emocionada.

A fala foi recebida com um aplauso de pé pelos presentes, refletindo o apoio de muitos a seu posicionamento.

Nísia apontou que não era “possível” aceitar como natural um comportamento político que envolvesse desvalorização sistemática, especialmente quando a campanha de ataques se deu de forma tão agressiva e sem fundamento.

Para ela, a misoginia foi uma constante em sua trajetória à frente do ministério, refletindo uma realidade onde mulheres em posições de poder enfrentam obstáculos adicionais que frequentemente envolvem desqualificação e desconfiança sem justificação.

“Fritura” pela imprensa

A ex-ministra também mencionou o processo de “fritura” que sofreu por parte da imprensa nos últimos dias de sua administração. Segundo Nísia, a mídia antecipou a mudança ministerial, causando um desgaste público que, para ela, foi “inconcebível” e “não apurado”.

Ela apontou que a cobertura da imprensa ignorou os avanços do Ministério da Saúde sob sua gestão, concentrando-se apenas nas especulações sobre sua saída.

Em relação à decisão de seu afastamento do cargo, Nísia Trindade afirmou que compreendia a mudança como parte de uma “mudança de perfil” dentro do governo. Ainda, como uma reconfiguração natural dentro de uma administração em constante adaptação.

Ela reforçou, contudo, que a mídia conduziu o processo de forma desrespeitosa, sem refletir a realidade de seu trabalho.

Posse de Padilha e Gleisi Hoffmann

A cerimônia de posse de Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann, com 1.300 convidados no Palácio do Planalto, foi marcada por formalidade e respeito. Padilha, que assume a pasta da Saúde, chega com uma longa trajetória na área pública. Enquanto Gleisi Hoffmann assume a Secretaria de Relações Institucionais com um grande apoio dentro do PT.

O evento teve grande repercussão e, embora focado nas novas nomeações, o discurso de Nísia Trindade não deixou de ser o centro das atenções. Contudo, trazendo à tona as questões de gênero e as dificuldades enfrentadas por mulheres em cargos de poder.