
- Febraban intensifica críticas e cita o Nubank nominalmente em estudo sobre tributação.
- Fintechs rebatem e dizem pagar alíquotas efetivas mais altas que os bancos.
- Embate ocorre em meio à tramitação da MP 1303, que trata da CSLL do setor financeiro.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) intensificou o embate com as fintechs ao divulgar, na última segunda-feira (21), um estudo que questiona as vantagens tributárias concedidas ao setor. A entidade subiu o tom ao criticar diretamente o Nubank, afirmando ser “injustificável” que a instituição pague uma alíquota nominal menor de CSLL do que os grandes bancos.
O debate ganhou força durante as discussões da MP 1303, quando as fintechs se mobilizaram para impedir o aumento da contribuição e sugeriram, em contrapartida, uma elevação de impostos sobre os bancos.
“Difícil de explicar”, diz Febraban
No documento, a Febraban cita o Nubank como exemplo de distorção fiscal, destacando o tamanho e a rentabilidade da fintech.
Assim, segundo a entidade, é incoerente que “a instituição financeira mais rentável do mundo” pague uma CSLL menor mesmo com 100 milhões de clientes e uma carteira de crédito de R$ 200 bilhões.
Logo, para a federação, bancos e fintechs devem ter a mesma carga tributária, independentemente do modelo de licença.
“Se banco e fintech concedem empréstimo de R$ 1 mil ao mesmo cliente, não faz sentido aplicar alíquotas diferentes”, afirmou a entidade.
Resposta do Nubank e reação do setor
O Nubank rebateu a crítica dizendo que a Febraban reconhece, ainda que indiretamente, que as fintechs pagam taxas efetivas mais altas que os bancos. Em nota, a empresa afirmou pagar uma taxa efetiva de 34,1%, a maior entre as líderes do setor.
“O Nubank tem orgulho de ter aumentado a concorrência e reduzido juros, com eficiência, inovação e responsabilidade fiscal”, destacou o comunicado.
A Zetta, associação que representa fintechs, também respondeu. A entidade disse que a Febraban tenta “frear a competição” e manter um ambiente tributário desigual, que favorece os bancos tradicionais.
Contexto político e fiscal
O embate ocorre em meio à tramitação da MP 1303, que trata da tributação sobre instituições financeiras. A proposta inicial elevava a CSLL das fintechs de 15% para 20%, o que foi contestado por representantes do setor.
Durante as negociações, as fintechs propuseram um aumento moderado para si e uma elevação da alíquota dos bancos para 22%, o que gerou forte reação da Febraban.
Além disso, segundo a federação, a inclusão financeira promovida pelas fintechs ainda é limitada, representando menos de 10% do crédito total a pessoas físicas e 5% no crédito a empresas.
Portanto, a Febraban argumenta que as startups priorizam linhas de crédito mais lucrativas, com juros altos e foco em retorno aos acionistas.
Clima de tensão entre as instituições
A disputa entre bancos e fintechs é antiga, mas agora ganhou caráter institucional e público.
Nesse sentido, a Febraban acusa as startups de “ultrapassar pelo acostamento”, enquanto as fintechs afirmam sofrer ataques coordenados para conter a inovação.
Ademais, analistas do mercado veem o embate como um sinal da consolidação das fintechs no sistema financeiro e do aumento da pressão regulatória.
Por fim, o tema deve continuar no centro das discussões fiscais e políticas nas próximas semanas.