
- Alexandre de Moraes decretou prisão domiciliar de Bolsonaro no mesmo dia em que eclodiu o escândalo “Vaza Toga 2.0”
- Mensagens vazadas expõem atuação informal do gabinete do ministro em processos sensíveis
- Decisão gerou críticas de juristas e jornalistas, que apontam abuso de autoridade e seletividade
Preso por usar redes sociais
Em uma decisão explosiva, o ministro Alexandre de Moraes ordenou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro neste sábado (3), alegando violação de medidas cautelares impostas anteriormente no caso do 8 de janeiro. A determinação inclui o uso de tornozeleira eletrônica, confisco de aparelhos celulares, proibição de comunicação externa e visitas controladas.
Segundo o despacho, Bolsonaro teria usado intermediários para divulgar vídeos com críticas ao STF, incitando apoiadores e desrespeitando as restrições impostas. A medida foi classificada por aliados como uma forma de “espetacularização da Justiça” em meio à crise política que se intensifica.
O ex-presidente já estava impedido de se comunicar com investigados, frequentar eventos públicos e utilizar redes sociais desde 2023, quando se tornou réu por tentativa de golpe.
“Vaza Toga 2.0”: vazamentos expõem bastidores do STF
Coincidentemente, no mesmo dia da prisão de Bolsonaro, a imprensa divulgou um novo dossiê de mensagens atribuídas ao gabinete de Moraes. O material, que já vem sendo chamado nas redes sociais de “Vaza Toga 2.0”, revelaria supostas ordens informais e influência direta sobre investigações da Polícia Federal e decisões do TSE.
Com isso, jornalistas internacionais acusam o STF de ter utilizado artefatos ilegais para prender manifestantes do 8 de janeiro
As mensagens teriam sido enviadas por assessores de Moraes a integrantes do Judiciário, indicando uma espécie de “Justiça paralela” conduzida fora dos ritos legais. A Gazeta do Povo foi um dos veículos que revelou o conteúdo, alertando para a gravidade da interferência e para o desequilíbrio institucional.
O caso repercutiu imediatamente nas redes sociais, com parlamentares e comentaristas exigindo transparência do Supremo e apuração independente.
Jornalistas e juristas questionam imparcialidade
Diversos analistas passaram a comparar o escândalo atual ao que ficou conhecido como “Vaza Jato”, sugerindo que as práticas do STF agora repetem os erros criticados na Lava Jato. O jornalista Rodrigo Constantino chamou a decisão de Moraes de “golpe jurídico”, enquanto colunistas da Gazeta classificaram a postura do ministro como “inaceitável para uma democracia”.
Além disso, juristas de diferentes espectros ideológicos destacaram que a nova prisão de Bolsonaro, tomada no mesmo dia do vazamento, pode configurar retaliação institucional — o que colocaria em xeque a legitimidade do processo.
A defesa de Bolsonaro pretende recorrer ao plenário do Supremo e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, alegando violação do devido processo legal e perseguição política.
Além de Bolsonaro, outros nomes ligados ao antigo governo também devem ser alvo de medidas restritivas nos próximos dias, conforme antecipado pela imprensa.