Enfraquecimento de Haddad

Nova desaprovação? Pesquisa revela enfraquecimento de Haddad

A avaliação do mercado financeiro sobre o ministro da Fazenda e o pacote fiscal reflete uma crescente insatisfação com a condução econômica.

Foto/Reprodução: Fernando Haddad
Foto/Reprodução: Fernando Haddad
  • A avaliação positiva de Fernando Haddad caiu de 50% para 41% desde março, com 61% dos entrevistados percebendo enfraquecimento em sua gestão
  • 58% dos participantes consideram que o arcabouço fiscal do governo perdeu credibilidade, refletindo uma crescente desconfiança do mercado
  • 85% dos entrevistados acreditam que a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda prejudicará a economia, mas 50% veem alta probabilidade de aprovação no Congresso
  • 88% dos entrevistados esperam piora da economia nos próximos 12 meses, evidenciando um pessimismo crescente sobre o cenário econômico do Brasil

A pesquisa Genial/Quaest, realizada entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, revelou um cenário preocupante para o governo Lula, com uma avaliação negativa crescente sobre o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a credibilidade da política fiscal do país.

O levantamento, que coletou opiniões de 105 gestores, economistas e operadores de fundos de investimento, aponta um significativo enfraquecimento do ministro desde o início de seu mandato, com a percepção de perda de força sendo compartilhada por 61% dos entrevistados. Em março, apenas 14% tinham essa impressão.

O dado mais impactante da pesquisa é a queda na avaliação positiva do trabalho de Haddad, que passou de 50% em março para 41% em dezembro. A pesquisa também mostra que a política fiscal, representada pelo arcabouço fiscal do governo, que estabelece metas de redução do déficit e limites para os gastos públicos, perdeu a credibilidade no mercado.

Segundo 58% dos entrevistados, o arcabouço fiscal não tem mais confiança, enquanto 42% ainda enxergam alguma credibilidade na regra fiscal, mas em nível muito reduzido.

O pacote fiscal e a percepção negativa

O pacote fiscal anunciado pelo governo na última quarta-feira, que inclui medidas de contenção de gastos públicos, foi duramente criticado pelos participantes da pesquisa. Uma das propostas mais controversas foi a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil, que, segundo 85% dos entrevistados, tende a prejudicar a economia.

A expectativa é de que o projeto seja aprovado no Congresso, com 50% dos entrevistados considerando essa aprovação “muito provável”. No entanto, apesar da aprovação provável, a análise geral sobre a capacidade do governo de aprovar sua agenda no Congresso é negativa, com 39% dos entrevistados avaliando a capacidade do governo como baixa, um aumento significativo em relação aos 23% registrados no levantamento de março.

Crescente desconfiança e a migração para o exterior

A pesquisa também revela que a crescente desconfiança do mercado com a política fiscal. E, as medidas econômicas do governo têm levado muitos investidores a repensarem suas estratégias.

Após o anúncio do pacote fiscal, 67% dos fundos de investimento afirmaram que aumentarão sua posição no exterior. Assim, uma demonstração clara de que muitos não veem mais segurança ou confiança no cenário econômico brasileiro.

Além disso, 66% do mercado espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) realize um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa de juros na próxima reunião.

Esse movimento é interpretado como uma tentativa de conter a inflação e estabilizar a economia. Mas um terço dos entrevistados (34%) acredita que o ciclo de aperto monetário terminará com a taxa Selic acima de 14%. Contudo, o que pode comprometer ainda mais o crescimento da economia.

Expectativas negativas para o futuro econômico

Apesar dos indicadores de atividade econômica que surpreenderam positivamente neste ano, a pesquisa aponta para uma perspectiva muito mais pessimista para o futuro.

A expectativa de que a economia vai piorar nos próximos 12 meses aumentou significativamente, saltando de 32% para 88% entre os entrevistados. Essa mudança de percepção reflete a crescente insatisfação com as políticas do governo. E, dessa forma, reforça a visão de que a economia brasileira enfrenta desafios consideráveis nos próximos meses.

A avaliação de que a política econômica segue na direção errada é quase unânime, com 96% dos entrevistados concordando com essa afirmação. Assim, um aumento em relação aos 71% registrados em março. Essa mudança drástica de percepção é um indicativo claro de que o mercado financeiro está cada vez mais cético em relação à capacidade do governo de conduzir a economia de maneira estável e eficiente.

Em suma

O cenário revelado pela pesquisa Genial/Quaest aponta para um desgaste significativo da figura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Além de uma perda considerável de credibilidade nas políticas fiscais do governo Lula.

A reação do mercado financeiro ao pacote fiscal, as propostas de isenção de impostos e a crescente migração de recursos para o exterior são sinais claros de que o ambiente econômico brasileiro enfrenta um período de incertezas e desafios. Enquanto isso, a confiança no governo parece estar se esvaindo rapidamente. Dessa forma, refletindo um cenário difícil para o futuro próximo da economia brasileira.