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Uma blusa que hoje custa US$ 15 na Shein pode chegar a US$ 22 com a aplicação das novas tarifas. Já produtos artesanais populares vendidos na Etsy tendem a subir, em média, 30% no preço final. A medida, portanto, impacta diretamente o bolso do consumidor americano e altera a dinâmica do comércio eletrônico global.
Especialistas alertam que o plano do governo pode ter efeito reverso.
“A produção continuará concentrada na China, mas o consumidor americano pagará mais caro, sem a contrapartida de geração de empregos no país”, afirma Jill Thompson, analista de comércio internacional da NYU.
A medida, pensada para proteger a indústria local, pode acabar penalizando justamente quem mais depende do e-commerce para compras acessíveis.
O que dizem os especialistas e o mercado?
“É hora de prestar atenção à origem dos produtos nas compras online e comparar preços. Muitos vendedores já começaram a ajustar os valores para compensar os custos extras”, orienta Aaron Rubin, CEO da plataforma logística ShipHero.
Ele acrescenta, ainda, que consumidores devem buscar alternativas de fornecedores e acompanhar a flutuação de preços nos próximos meses.
Diante das novas regras, grandes plataformas digitais como a Shein e a Temu avaliam instalar centros de distribuição nos Estados Unidos para driblar as tarifas.
Ao mesmo tempo, pequenos vendedores internacionais estudam abandonar o mercado americano, alegando que os custos tornaram suas operações inviáveis. A Etsy, por exemplo, já registra queda nas novas listagens vindas da Ásia e da Europa.
A tentativa de fortalecer a produção interna dos Estados Unidos pode sair pela culatra. Em vez de impulsionar a indústria nacional, a nova política comercial encarece o consumo, reduz o poder de compra das famílias e não garante o retorno da manufatura para o território americano.
Com o e-commerce se tornando um dos principais canais de consumo, as novas tarifas prometem remodelar a cadeia global de fornecimento, mas a que preço para o consumidor final?
As novas tarifas impostas pelo governo norte-americano já provocam reações imediatas no comércio online. Pequenos empreendedores internacionais relatam dificuldades para manter preços competitivos, enquanto consumidores nos EUA enfrentam aumentos repentinos em categorias antes acessíveis, como vestuário e artigos artesanais.
A medida, que visa reindustrializar o país, não resolve gargalos estruturais nem garante que fábricas voltem ao território americano. Ao contrário, pode incentivar a informalidade e pressionar ainda mais a inflação.
Para especialistas, a decisão reflete mais um movimento político do que uma estratégia econômica sólida, e os efeitos reais ainda estão por vir.