Segundo dados divulgados pela Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) desenvolvida pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), pela 1ª vez em 13 meses, o número de famílias endividadas recuou.
Foi de 76,3% em dezembro de 2021, um recorde para a série mensal, para 76,1% em janeiro. Carol Stange, educadora em finanças pessoais, explica que mesmo com esse recuo, ainda é o 2º maior percentual nos últimos 12 meses.
Carol Stange ressalta que o brasileiro está vivendo no limite de suas finanças. Ela lembra também que O I-SFB, Índice de Saúde Financeira do Brasileiro, criado pelo Banco Central construiu um grande banco de dados sobre as finanças do brasileiro, mede a saúde e o bem estar financeiros do indivíduo e abrange 5 conceitos de saúde financeira:
- Capacidade de cumprir as obrigações financeiras correntes.
- Ser capaz de tomar boas decisões financeiras.
- Ter disciplina e autocontrole para cumprir objetivos.
- Sentir-se seguro quanto ao futuro financeiro.
- Ter liberdade de fazer escolhas que permitam aproveitar a vida.
Em uma escala de 0 a 100 pontos, onde as faixas de Saúde Financeira se dividem em: ruim, muito baixa, baixa, ok, boa, muito boa e ótima, a maioria dos entrevistados atingiu pontuação suficiente para ficar na faixa “muito baixa”, onde há risco de atingir uma situação financeira crítica — e por crítica, entende-se como ter um pé no endividamento crônico e o outro, na falta de controle financeiro.
É preciso “voltar uma casa”
As pessoas geralmente gostam de saber quais os melhores investimentos da bolsa e os livros mais vendidos sobre como ficar rico e investir em algo mais seguro.
“Mas, alerto que precisamos voltar ‘uma casa nesse tabuleiro’. O brasileiro precisa saber quanto ganha (salário líquido), quanto gasta e com o quê, e ter planos futuros precificados e datados são os passos iniciais para qualquer um que queira ter as finanças sob controle”, alerta Carol Stange.
A educadora explica que sem esses dados, comprar ações da empresa da moda se resume a um tiro rápido e aleatório que, além de não contribuir efetivamente para a saúde financeira, atrapalha o planejamento financeiro pessoal e de investimentos.
Seis em cada dez brasileiros consideram que a maneira como cuidam das suas finanças não lhes permitem aproveitar a vida. Outros tantos convivem com estresse financeiro diário, brigas familiares e o eterno jeitinho para fechar o mês equilibrando receitas e despesas.