Crise energética

O Brasil pode perder seu combustível mais barato e o motivo está longe daqui; entenda

Em nova escalada geopolítica, presidente dos EUA mira países que compram petróleo russo e ameaça impacto direto no preço dos combustíveis no Brasil.

diesel
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  • Brasil pode ser o próximo alvo das sanções dos EUA contra países que compram petróleo da Rússia
  • Mais de 50% do diesel importado pelo Brasil veio da Rússia no 1º semestre de 2025
  • Especialistas alertam para risco de aumento de preços e impactos logísticos em todo o país

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou a tensão no mercado internacional de energia ao anunciar novas tarifas contra países que compram petróleo e derivados da Rússia. Embora o foco inicial tenha sido a Índia, que agora enfrenta tarifa de 50%, especialistas apontam que o Brasil pode ser o próximo da lista.

Mais da metade do diesel importado pelo Brasil vem do mercado russo. Uma eventual sanção colocaria em risco a estrutura de abastecimento nacional, gerando pressão imediata sobre os preços e colocando em xeque o modelo atual de importação do país.

Diesel russo sustenta abastecimento brasileiro

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), as importações brasileiras de diesel somaram 7,9 milhões de m³ do mercado russo no primeiro semestre de 2025, o que representa 61% de todo o diesel importado. O número é quase o dobro da participação dos Estados Unidos, com 24%, e muito superior à de países como Arábia Saudita (6%) e Omã (3%).

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o volume total de diesel importado pelo Brasil foi de 9,9 milhões de m³ no período. Ou seja, mais da metade veio diretamente da Rússia, enquanto 19,5% partiram dos EUA.

A consultora britânica Argus confirma que o diesel russo se tornou um pilar da estrutura logística brasileira desde 2022, quando a guerra na Ucrânia intensificou os fluxos globais de petróleo. Os preços mais baixos e a estabilidade de fornecimento tornaram o insumo russo mais competitivo que o americano.

Brasil pode ser alvo de sanções secundárias

Trump já declarou publicamente que países que “alimentam a máquina de guerra russa” podem enfrentar represálias. Na segunda-feira (4), o republicano acusou a Índia de revender petróleo russo com grandes lucros. Agora, fontes da Casa Branca indicam que o Brasil estaria na mira.

Ademais, Matt Whitaker, embaixador dos EUA na Otan, afirmou à Bloomberg Television que tarifas secundárias estão sendo estudadas para Brasil, China e Índia. A meta seria desestimular o financiamento indireto da guerra, forçando os países a reduzirem a dependência do petróleo russo.

Desse modo, especialistas acreditam que o Brasil corre riscos concretos. Como o transporte rodoviário é o principal uso do diesel, qualquer redução na oferta russa pode provocar efeitos rápidos e inflacionários nos postos.

Substituir a Rússia será caro e demorado

Embora os EUA sejam alternativa natural pela proximidade e segurança logística, seu diesel está mais caro. “Importadores brasileiros apoiam-se no diesel russo devido ao custo menor. Com restrições, será inevitável repassar aumentos aos consumidores”, disse Gabrielle Moreira, da Argus.

Além disso, segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), caso o Brasil acate sanções e deixe de importar da Rússia, será necessário buscar novos fornecedores. Porém, o volume russo não será facilmente substituído, o que pode desorganizar o abastecimento e elevar os preços.

Ademais, a entidade destacou que o diesel russo poderá ser parcialmente substituído por volumes vindos de refinarias no Golfo do México e por países como Emirados Árabes, Arábia Saudita, Omã e Kuwait. No entanto, isso exigiria adaptação logística e novas negociações de contrato.

Por fim, a tendência, segundo a Abicom, é de alta generalizada no preço do produto caso haja limitação da oferta. “Não é apenas uma questão diplomática, é uma questão de mercado que afeta diretamente o bolso do brasileiro.”

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.