
- Previdência Social deve custar mais de R$ 1,11 trilhão em 2026
- Número de contribuintes por aposentado cairá para 1 em 2050 e 0,8 em 2060
- Planos privados serão cada vez mais indispensáveis para garantir segurança financeira
A conta da Previdência Social não para de crescer. De acordo com o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), os gastos federais com aposentadorias e benefícios devem ultrapassar R$ 1,11 trilhão em 2026. Esse número mostra o peso cada vez maior do sistema no orçamento público.
Hoje, a Previdência já representa 44% de toda a despesa federal. Mesmo assim, os recursos continuam insuficientes diante do envelhecimento da população, da queda da taxa de natalidade e da alta informalidade no mercado de trabalho. Para especialistas, depender apenas da previdência pública se tornou um risco real para as próximas gerações.
Como funciona a previdência pública hoje
O Brasil adota o modelo de repartição simples, no qual trabalhadores ativos financiam a aposentadoria de quem já saiu do mercado. O problema é que a base de contribuintes encolhe a cada ano, enquanto o número de beneficiários cresce.
Na década de 1990, havia seis contribuintes para cada aposentado. Hoje, a relação já é de apenas dois para um. Segundo projeções, em 2050 a proporção cairá para 1 para 1 e, em 2060, para 0,8. Esse desequilíbrio compromete a sustentabilidade do sistema.
O especialista Gleisson Rubin, do Grupo MAG, afirma que o envelhecimento da população brasileira acelera essa crise. Entre 2010 e 2022, o país ganhou cerca de 1 milhão de idosos por ano, ao mesmo tempo em que perdeu 6 milhões de crianças e adolescentes.
Cenário insustentável exige mudanças
Para manter o modelo atual, seriam necessárias medidas duras. Uma alternativa seria elevar a contribuição previdenciária de 32% para 73% do salário, dividida entre empregado e empregador. Outra, ainda mais impopular, seria aumentar a idade mínima de aposentadoria para 78 anos.
Ambas as soluções, porém, enfrentam enorme resistência social e política. Além disso, comprometeriam a capacidade de consumo e gerariam mais informalidade no mercado de trabalho.
Sem ajustes, o sistema público seguirá comprometido. O próprio Rubin alerta que esse “elo fraco da corrente” vai se romper, não por acaso, mas inevitavelmente.
Previdência privada como saída
Nesse contexto, cresce a importância da previdência complementar. Atualmente, apenas 11% da população adulta brasileira possui um plano privado, o que revela um enorme espaço de expansão.
Rubin ressalta que a geração X (1965–1980) já começa a encarar esses produtos como necessidade. A geração Y (1981–1996) deveria iniciar estratégias de poupança cedo, combinando investimentos de curto e longo prazo.
Para ele, as gerações mais jovens não podem se dar ao luxo de repetir a lógica dos pais e avós. O futuro da renda na aposentadoria dependerá de decisões individuais hoje, com foco em disciplina e planejamento.