Diplomacia tensa

O que Trump e Putin estão prestes a discutir longe dos holofotes

Encontro no Alasca ocorre com incertezas logísticas e geopolíticas, enquanto Europa e Ucrânia buscam voz nas negociações de paz.

O que Trump e Putin estão prestes a discutir longe dos holofotes
  • Trump e Putin se encontrarão no Alasca na sexta-feira (15), mas local e formato ainda não foram definidos.
  • Europa pressiona para que a Ucrânia participe das negociações e que qualquer concessão territorial seja recíproca.
  • Plano de Putin pode incluir controle total de Donbas, mas outras regiões seguem sem definição clara.

A contagem regressiva para a reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin, marcada para sexta-feira (15), avança sob forte tensão e expectativa global. Autoridades americanas correm contra o tempo para definir a logística e o formato das discussões, enquanto crescem as especulações sobre os resultados possíveis.

Previsto para ocorrer no Alasca, o encontro ainda não tem local confirmado e segue envolto em mistério. A pressa da Casa Branca contrasta com a complexidade de negociações desse porte, especialmente por envolver um conflito ativo e interesses estratégicos de potências globais.

Preparativos acelerados e dúvidas sobre o formato

Até esta segunda-feira (11), nenhuma sede oficial havia sido anunciada. Equipes de planejamento seguiam no Alasca avaliando opções que equilibrassem segurança e neutralidade. A escolha do estado é estratégica: sua localização entre Washington e Moscou reduz distâncias e facilita deslocamentos.

Nos bastidores, Trump pressiona para que o encontro ocorra o quanto antes, com a intenção de testar diretamente a disposição de Putin para encerrar a guerra na Ucrânia. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, declarou que a reunião será um momento crucial para avaliar o real comprometimento russo.

A velocidade dessa organização é atípica. Cúpulas de alto nível, sobretudo com adversários históricos, costumam levar meses para serem planejadas. O cenário reflete tanto a urgência política quanto a aposta de Trump na diplomacia pessoal.

A incógnita Zelensky

Uma questão central é a eventual participação do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Ele não foi mencionado no anúncio inicial, mas a Casa Branca não descartou sua presença. Assessores indicam que a prioridade é o encontro direto entre Trump e Putin, embora um convite de última hora seja possível.

Fontes em Kiev afirmam que Zelensky está disposto a viajar para o Alasca, desde que haja uma proposta concreta para discussão. A embaixadora da Ucrânia nos EUA, Oksana Markarova, reforçou que o líder ucraniano participaria de qualquer reunião que contribua para um avanço no diálogo de paz.

O dilema sobre incluir ou não Zelensky envolve riscos políticos. A exclusão poderia gerar críticas de aliados europeus, enquanto a inclusão poderia dificultar acordos diretos entre Washington e Moscou.

Pressão europeia e pauta sensível

Líderes europeus acompanham o processo de perto e cobram clareza sobre as condições em debate. Informações preliminares indicam que o plano de Putin envolve manter o controle russo sobre a região de Donbas, enquanto as situações de Kherson e Zaporizhzhia permanecem indefinidas.

Em reunião no interior da Inglaterra, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, ouviu de conselheiros de segurança nacional europeus que qualquer concessão territorial deve ser acompanhada de medidas recíprocas da Rússia, incluindo retirada de tropas de outras áreas ocupadas.

Outro ponto unânime entre os europeus é que a Ucrânia precisa estar diretamente envolvida nas decisões sobre seu território. Essa exigência se choca com a preferência inicial de Trump por negociações bilaterais mais reservadas.

Otimismo contido e riscos

Apesar das divergências, fontes americanas e europeias relatam algum progresso no alinhamento de expectativas. Vance teria demonstrado abertura às preocupações europeias, enquanto Trump mantém a confiança em sua habilidade de fechar acordos face a face.

No entanto, há ceticismo sobre o alcance real da reunião. Analistas apontam que concessões de ambos os lados são improváveis e que um cessar-fogo imediato, defendido por líderes europeus, dificilmente será aceito por Moscou.

Para o chanceler alemão Friedrich Merz, qualquer negociação que exclua a Ucrânia ou os europeus é inaceitável. “Não podemos permitir que o futuro da Ucrânia seja decidido sem a participação direta de quem será mais afetado”, afirmou.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.