Projeções

OCDE surpreende e revisa para cima o PIB dos EUA, mas alerta para freada adiante

Organização projeta crescimento maior em 2025 e 2026, mas vê desaceleração causada por mercado de trabalho mais fraco, tarifas e cortes fiscais.

Foto: REUTERS/Nathan Howard
Foto: REUTERS/Nathan Howard
  • OCDE eleva previsão para o PIB dos EUA em 2025 e 2026, mas projeta perda de ritmo
  • Inflação deve desacelerar mais rápido, apesar das tarifas elevarem preços até 2026
  • Déficit e dívida seguem pressionando o quadro fiscal, com alerta para desequilíbrio estrutural

A OCDE revisou para cima as projeções para o PIB dos Estados Unidos, prevendo expansão de 2% em 2025 e 1,7% em 2026, acima das estimativas anteriores, de 1,6% e 1,5%. Mesmo assim, o relatório indica que a maior economia do mundo deve perder fôlego, ainda que mantendo atividade positiva.

A organização afirma que a desaceleração será influenciada por um mercado de trabalho menos aquecido, redução da imigração líquida, impacto das tarifas sobre preços e cortes expressivos em despesas discricionárias. O cenário aponta para um crescimento mais moderado diante das tensões fiscais e dos ajustes do ciclo econômico.

Resiliência segue, mas com sinais de fadiga

Mesmo com o ritmo mais lento de contratações, a economia americana se mantém resiliente, segundo a OCDE. O relatório descreve as pressões salariais como moderadas e afirma que as expectativas inflacionárias de longo prazo permanecem ancoradas.

OCDE vê economia americana resiliente, revisa projeções de inflação para baixo e estima retorno à meta apenas em 2027.
OCDE vê economia americana resiliente, revisa projeções de inflação para baixo e estima retorno à meta apenas em 2027.

O relatório destacou que a inflação PCE para 2026 foi revisada de 2,8% para 2,3%, indicando processo de desinflação mais rápido do que o previsto. Para 2025, a estimativa caiu de 3,2% para 3%, refletindo tração menor nos preços.

A entidade projeta inflação levemente mais alta até meados de 2026, devido ao repasse das tarifas que elevaram a taxa efetiva de 2,5% para 14%, mas espera retorno à meta apenas em 2027.

Riscos aumentam em meio a juros e fragilidade no crédito

A OCDE cita riscos assimétricos para o cenário americano. Entre eles, uma possível correção nas bolsas, persistência da inflação e fragilidades no crédito corporativo.

Por outro lado, o forte avanço dos investimentos em inteligência artificial (IA) pode surpreender para cima e gerar estímulos adicionais de produtividade.

Com o enfraquecimento gradual do emprego, a política monetária entrou em ciclo de afrouxamento, e a projeção é de juros na faixa de 3,25% a 3,5% no fim de 2026, caso a desaceleração se confirme.

Pressão fiscal preocupa e déficit segue elevado

No campo fiscal, os EUA devem manter déficit próximo de 7,5% do PIB até 2027, nível semelhante às estimativas anteriores. A dívida bruta deve alcançar 128,4% do PIB, reforçando trajetória de alta.

A OCDE voltou a alertar que o país opera com desequilíbrio estrutural, exigindo um “ajuste significativo” para evitar pressões mais intensas nos próximos anos.

A entidade reforça que, apesar do ambiente de crescimento moderado, o quadro fiscal limita espaço para estímulos mais agressivos.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.