
- OCDE prevê crescimento de 5,2% em 2025 para a Argentina, após retração em 2024
- Inflação deve cair drasticamente, mas depende de política monetária rígida
- País precisará seguir com reformas para manter crescimento e atrair capital externo
A Argentina começa a deixar para trás uma fase crítica de sua economia. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou nesta segunda-feira (7) um relatório que destaca o início de um “ciclo virtuoso” no país vizinho. No entanto, a entidade alerta: o caminho das reformas será longo e cheio de obstáculos.
Segundo a OCDE, a economia argentina deve crescer 5,2% em 2025 e 4,3% em 2026. Esses números representam uma forte reversão da contração de 1,3% registrada em 2024. A melhora é atribuída à redução da inflação, superávit fiscal e ao avanço de políticas liberais implementadas no último ano.
Inflação cede, mas depende de disciplina
Um dos principais avanços destacados no relatório é a queda acentuada da inflação. Após atingir impressionantes 219,9% em 2024, o índice de preços ao consumidor (CPI) pode cair para 36,6% em 2025 e 14,9% em 2026 — desde que o governo mantenha uma postura monetária severa.
A OCDE destaca que a melhora recente nas taxas de pobreza se deve à desaceleração da inflação e ao uso mais eficaz de programas sociais. Contudo, a manutenção desse cenário depende da continuidade do ajuste fiscal e da estabilidade macroeconômica.
Segundo o relatório, o controle de gastos públicos e a redução de subsídios são medidas cruciais para aliviar a pressão inflacionária e garantir que o Banco Central mantenha a credibilidade necessária para ancorar expectativas.
Superávit fiscal e confiança em construção
A OCDE também destaca o resultado fiscal positivo da Argentina em 2024: o país registrou superávit em quase todos os meses do ano, algo inédito desde 2010. O saldo final ficou em 1,8% do PIB, e a projeção para 2025 é de 1,6%.
Esse desempenho, segundo a entidade, foi favorecido pela retirada de controles de capital e câmbio, promovida em abril, além de cortes em despesas e medidas de contenção do déficit. A continuidade desses esforços será essencial para destravar o acesso do país aos mercados financeiros internacionais.
Ainda assim, o relatório reforça que o superávit, embora positivo, não é garantia de estabilidade duradoura. A necessidade de reformas mais profundas segue no centro da agenda econômica.
Reformas estruturais são urgentes
Para garantir crescimento sustentável, a OCDE sugere medidas claras: substituição de impostos distorcivos por tributos sobre renda e consumo, eliminação de barreiras ao comércio de bens intermediários e facilitação ao investimento estrangeiro direto.
A Argentina, por exemplo, concentra 20% das reservas globais de lítio, mas enfrenta gargalos de infraestrutura que limitam sua capacidade de monetizar esse ativo. Por isso, investimentos em logística e regulação mais transparente se tornam prioridades.
O documento também afirma que abrir a economia para mais capital e tecnologia pode ampliar a produtividade e impulsionar a competitividade argentina no cenário global.