Tarifas de Trump

OCDE prevê menor crescimento na economia brasileira e maior inflação

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  • Projeção de crescimento do Brasil é reduzida pela OCDE, com previsão de 2,1% para 2025 e 1,4% para 2026
  • Inflação deverá aumentar para 5,4% em 2025, forçando o Banco Central a aumentar a taxa de juros
  • Efeitos do protecionismo dos EUA e a necessidade de reformas estruturais para garantir maior resiliência econômica

A economia brasileira enfrenta um cenário desafiador para os próximos anos, com crescimento mais fraco do que o esperado e uma pressão inflacionária persistente. A OCDE divulgou um relatório alertando que o Brasil será afetado pela política monetária restritiva e pelas tarifas de Trump sobre as exportações de aço e alumínio para os EUA.

De acordo com a análise, a combinação de desafios internos e externos dificultará o crescimento do país.

Crescimento mais baixo do que o esperado

A OCDE revisou suas projeções para o crescimento econômico do Brasil, reduzindo suas estimativas para 2025 e 2026. A previsão de crescimento foi ajustada para 2,1% em 2025 e 1,4% em 2026, reduzindo em 0,2 ponto percentual em 2025 e 0,5 ponto em 2026.

A principal razão para essa desaceleração é o impacto das tarifas protecionistas dos Estados Unidos, que afetam as exportações brasileiras e limitam a expansão da demanda global.

Além disso, o Brasil já enfrenta desafios internos significativos, como a inflação elevada e as restrições ao crédito, que também contribuem para uma desaceleração econômica mais acentuada. A OCDE alertou que o país poderá precisar de políticas monetárias mais rigorosas, com aumento da taxa Selic, caso a pressão inflacionária continue a crescer.

Inflação acima da meta e aumento de juros

A inflação no Brasil deve seguir uma trajetória de alta, o que complicará ainda mais o cenário para os próximos anos. A OCDE estima que a inflação no país subirá para 5,4% em 2025, superando os 4,4% registrados no ano anterior. Para 2026, a projeção é de uma inflação em torno de 5,3%.

Esse aumento nos preços terá impacto direto no poder de compra da população e pode afetar também o cenário político e eleitoral do Brasil, pois o tema da inflação costuma ser um fator determinante em períodos eleitorais.

A OCDE alertou que, no caso de um choque comercial mais amplo, como o que o governo Trump ameaça implementar a partir de abril, o aumento da taxa Selic pode precisar ser de 1,25 a 1,5 pontos percentuais para evitar uma deterioração maior do ambiente econômico.

Efeitos das tarifas de Trump e aumento do protecionismo

As tarifas impostas pelo governo Trump sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio terão um impacto negativo direto no crescimento econômico. A OCDE prevê que as tarifas comerciais e o efeito do protecionismo global vão limitar a capacidade do Brasil de expandir sua economia, já que os mercados internacionais tendem a ser mais restritos e com maiores custos de negociação.

A OCDE reduziu a previsão de crescimento da economia mundial, projetando 3,1% para 2025 e 3,0% para 2026, abaixo dos 3,3% anteriores.

Além disso, a guerra comercial travada pelos Estados Unidos também afetará negativamente o desempenho de outros países. Os EUA devem ver um desaceleramento do crescimento, com o crescimento passando de 2,2% em 2025 para 1,6% em 2026, enquanto México será o mais afetado na América do Norte, com uma contração de 1,3% este ano.

Salários reais em alta, mas desafios continuam

Apesar da desaceleração do crescimento, o Brasil se destacou no aumento dos salários reais entre os países analisados pela OCDE. Em 2024, os rendimentos dos trabalhadores brasileiros estavam bem acima dos níveis pré-pandemia, superando países desenvolvidos como os Estados Unidos, o Reino Unido e o Canadá.

Esse aumento nos salários reais pode ajudar a aliviar parcialmente os efeitos da inflação, mas o cenário econômico difícil deverá restringir o consumo e limitar o impacto positivo desse aumento.

A OCDE também enfatizou que o Brasil precisa adotar reformas estruturais mais ambiciosas para garantir que seus mercados internos sejam mais resilientes. E, ainda, para mitigar os efeitos da volatilidade dos fluxos de capitais internacionais.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ