
- A Oi começou a desmontar suas redes de cobre, encerrando décadas de uso na telefonia fixa no Brasil, em linha com o novo modelo de serviços autorizado pela Anatel
- A operadora busca cortar despesas desativando a antiga infraestrutura, vendendo parte como sucata e repassando outra parte à V.tal, empresa controlada por fundos do BTG Pactual
- A medida reflete a transição das telecomunicações para tecnologias mais modernas, deixando para trás a infraestrutura analógica tradicional
A Oi deu início à desmontagem de um dos seus últimos grandes ativos físicos: as redes de cobre que, por décadas, sustentaram a telefonia fixa no Brasil. A mudança reflete o novo modelo de prestação de serviço autorizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), permitindo à operadora desativar sua antiga infraestrutura e reduzir despesas.
A Oi venderá parte desse material como sucata e repassará outra parte à V.tal, empresa de telecomunicações controlada por fundos do BTG Pactual.
Desmonte da rede de cobre e impactos financeiros
A transição da telefonia fixa por concessão para um modelo de autorização liberou a Oi para desmobilizar sua estrutura de cobre, reduzindo os custos elevados de manutenção.
O presidente da operadora, Marcelo Milliet, destacou que a venda do cobre resultará em um impacto financeiro positivo, tanto pela entrada de recursos quanto pela eliminação de despesas.
No entanto, ele não precisou quanto a empresa pode arrecadar com a venda, uma vez que os custos de extração e a ampla dispersão geográfica dos cabos dificultam uma estimativa exata.
A maior parte da rede subterrânea será adquirida pela V.tal, enquanto os cabos aéreos, fixados em postes, permanecerão com a Oi para venda gradual. Essa operação faz parte do plano de recuperação judicial da companhia, que busca reequilibrar suas finanças após anos de crise.
Recuperação judicial e venda de imóveis
Além da alienação dos cabos de cobre, outra estratégia essencial para a reestruturação da Oi é a venda de imóveis antes utilizados na operação de telefonia fixa. Com quase 7 mil unidades distribuídas por diversas localidades, a empresa espera levantar um volume significativo de caixa.
No entanto, a grande diversidade desses ativos – que incluem desde terrenos rurais até edifícios em áreas nobres – dificulta uma previsão exata de arrecadação.
Paralelamente, a operadora enfrenta um processo de arbitragem contra a União, buscando compensações de mais de R$ 50 bilhões por prejuízos relacionados à manutenção do serviço de telefonia fixa. Milliet espera que uma decisão parcial saia ainda este ano, embora não haja prazo para encerrar o litígio.
Serviços empresariais e eficiência operacional
Com a venda de ativos e a reestruturação financeira, a Oi busca consolidar sua atuação no segmento corporativo por meio da Oi Soluções, voltada à oferta de serviços de TI e conectividade para empresas.
A unidade, no entanto, enfrenta queda na receita devido à transição do cobre para a fibra ótica e à readequação do portfólio para serviços de maior valor agregado.
A empresa já se desfez de sua operação de internet móvel em 2022 e vendeu sua banda larga e TV por assinatura em 2024. Atualmente, mantém três subsidiárias estratégicas: Serede (operações de campo), Tahto (call center) e Oi Services (terceirização de processos de negócios).
Segundo Milliet, a nova fase da Oi visa torná-la uma companhia mais enxuta e eficiente, com foco na geração de valor a partir de suas subsidiárias.
Apesar de ter reportado um lucro contábil de R$ 9,6 bilhões em 2024 – revertendo um prejuízo de R$ 5,4 bilhões no ano anterior –, a empresa ainda enfrenta desafios operacionais.
O resultado foi impulsionado pelo abatimento de 70% de sua dívida como parte da recuperação judicial, gerando um ganho contábil de R$ 14,7 bilhões. No entanto, o Ebitda operacional ficou negativo em R$ 1,5 bilhão no ano, evidenciando que a recuperação financeira da Oi ainda exige novos ajustes e crescimento sustentável.
A receita líquida da companhia caiu 14,2%, totalizando R$ 8,3 bilhões em 2024, enquanto a chamada Nova Oi registrou um faturamento de R$ 3,1 bilhões, uma redução de 26% em relação ao ano anterior.
A operadora agora aposta na reestruturação de suas operações e na maximização do potencial de suas subsidiárias para consolidar sua nova fase no setor de telecomunicações.