Salto na projeção

Preço do petróleo deve despencar em setembro: entenda os motivos

Grupo liderado por Arábia Saudita e Rússia se prepara para devolver ao mercado mais de 2 milhões de barris por dia após pressão de Trump.

Barril OPEP
Barril OPEP
  • Opep+ deve concluir reversão de grandes cortes em setembro, com alta final de 550 mil barris/dia
  • Decisão visa recuperar fatia de mercado e atender apelos dos EUA por gasolina mais barata
  • Produção dos Emirados Árabes Unidos também deve subir com nova cota

O grupo Opep+, que reúne os principais exportadores de petróleo do mundo, deve concluir em setembro a reversão de cortes voluntários feitos por oito países-membros. Assim, a decisão representa uma virada na estratégia da aliança e vem sendo tomada em etapas desde abril. Até lá, a produção terá sido ampliada em 2,17 milhões de barris por dia (bpd), disseram cinco fontes com conhecimento direto das discussões.

Além disso, os Emirados Árabes Unidos deverão operar com uma cota maior, elevando sua produção em mais 300 mil bpd. Desse modo, o movimento reforça a tentativa da Opep+ de recuperar participação no mercado global após anos focando no controle de preços.

Reação à pressão de Trump e queda dos preços

A mudança na postura da Opep+ ocorre em meio a pressões diretas do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem cobrado um aumento na oferta de petróleo para reduzir o custo da gasolina nos Estados Unidos. O combustível é um dos itens mais sensíveis para o consumidor americano e tem forte peso em anos eleitorais.

Sendo assim, além da pressão externa, a decisão de reverter os cortes também responde à queda dos preços do petróleo nos últimos meses. Embora o grupo tenha reduzido a oferta desde 2020 para sustentar o valor do barril, o excesso de capacidade em outros países e o aumento da produção americana acabaram limitando os efeitos desse controle.

Ao aumentar a produção, a Opep+ busca equilibrar a equação entre preço e volume, tentando proteger sua receita sem perder mercado para concorrentes como EUA, Brasil e Canadá.

Aumento será oficializado em 3 de agosto

Segundo as fontes, o grupo, que inclui Arábia Saudita, Rússia, Emirados Árabes, Kuwait, Omã, Iraque, Cazaquistão e Argélia, deve aprovar um novo aumento de cerca de 550 mil bpd na reunião marcada para 3 de agosto. Com isso, a reversão completa dos cortes estará concluída.

Ademais, a sequência de altas começou em abril, com um aumento modesto de 138 mil bpd. Depois, vieram acréscimos mensais de 411 mil bpd em maio, junho e julho. Já no último sábado (6), o grupo aprovou um salto de 548 mil bpd para agosto, praticamente confirmando o ritmo adotado nos últimos encontros.

Por fim, se mantido o plano, a Opep+ voltará a produzir no patamar anterior aos cortes voluntários, fortalecendo sua presença no mercado global de energia.

Emirados ganham protagonismo com cota ampliada

O destaque adicional desta rodada é a nova cota de produção dos Emirados Árabes Unidos, que passam a contar com um teto maior para bombear petróleo.

Isso significa que, além da reversão dos cortes em bloco, o país poderá aumentar sua produção em 300 mil barris por dia, consolidando-se como um ator ainda mais relevante na geopolítica energética.

Esse ajuste reflete tensões internas dentro da Opep+, já que os Emirados vinham pressionando por mais espaço, alegando ter capacidade ociosa e planos de expansão de longo prazo. Portanto, o novo arranjo representa uma concessão estratégica da Arábia Saudita, líder informal do grupo.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.