Disputa política

Orçamento de 2026 se transforma em campo de guerra entre Lula e Congresso

Embate sobre emendas e vetos expõe racha político; Planalto vê infidelidade na base aliada e tenta conter danos fiscais.

Apos Lula descartar deficit zero de Haddad Tebet fala de Orcamento em reuniao
Apos Lula descartar deficit zero de Haddad Tebet fala de Orcamento em reuniao
  • Congresso reage ao veto de Lula e segura a votação da LDO de 2026.
  • Base aliada se divide, antecipando a disputa eleitoral e travando pautas fiscais.
  • Impasses orçamentários ameaçam atrasar o planejamento de 2026 e ampliar a instabilidade política.

O orçamento de 2026 virou o novo epicentro da disputa entre o governo Lula e o Congresso Nacional. A tensão cresceu após o presidente vetar o calendário das emendas parlamentares, movimento interpretado como uma ofensiva política contra o Legislativo.

Em resposta, os congressistas seguraram a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), enviando um recado direto ao Planalto: não há prazos definidos para análise do texto. O impasse já começa a comprometer negociações fiscais e a relação com a base aliada.

Vetos e retaliações abrem crise entre os Poderes

O veto de Lula sobre o cronograma das emendas foi visto como uma tentativa de retomar o controle do orçamento e de enfraquecer o poder de barganha do Congresso. Por outro lado, deputados e senadores reagiram adiando a tramitação da LDO de 2026, medida que, na prática, paralisa o planejamento fiscal do próximo ano.

O presidente da Comissão Mista de Orçamento, senador Efraim Filho (União Brasil-PB), afirmou que o adiamento é um recado claro ao Executivo, cansado da “agenda de aumento de impostos”. A fala foi interpretada como um alerta sobre o desgaste entre os dois Poderes.

Enquanto isso, o governo começou a retaliar parlamentares considerados “infiéis”, retirando aliados desses deputados de cargos estratégicos na máquina pública. A estratégia tenta conter rebeliões e reconstruir apoio na base.

Infidelidade na base e disputa por recursos eleitorais

De acordo com líderes governistas, parte da base aliada antecipou a disputa eleitoral de 2026 e evita colaborar com o Planalto para não entregar vitórias políticas a Lula. O episódio se agravou após a queda da MP que aumentaria a taxação de transações financeiras, o que retirou R$ 17 bilhões da arrecadação prevista para 2025.

Sem o reforço dessa receita, a equipe econômica busca alternativas para fechar o orçamento e manter o arcabouço fiscal equilibrado. Contudo, o avanço das negociações depende do aval do Congresso, que tem usado a pauta orçamentária como instrumento de pressão.

Nos bastidores, o governo monitora pesquisas qualitativas que mostram queda de popularidade do Congresso junto à opinião pública. O Planalto tenta usar esse dado como narrativa, apresentando o Legislativo como o responsável por bloquear medidas voltadas à população mais pobre.

Lideranças tentam conter danos e evitar paralisia fiscal

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), se reuniram nesta quarta-feira (15) para discutir uma saída política. Ambos buscam evitar que o impasse sobre a LDO atrase o envio do orçamento e amplie a desconfiança do mercado.

Mesmo assim, o relator da LDO, Gervásio Maia (PSB-PB), afirmou que não abrirá mão do calendário de emendas, argumentando que o dispositivo traz previsibilidade aos parlamentares. Já o Executivo vê o cronograma como um risco de engessamento das contas públicas.

Enquanto o impasse se prolonga, indicadores econômicos começam a refletir incerteza, e investidores reduzem o apetite por risco. O governo tenta reverter o quadro sem aprofundar o desgaste com o Congresso, mas a crise política tende a se arrastar nas próximas semanas.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.