
- Déficit recorde de R$ 18,5 bilhões nas estatais sob o governo Lula 3.
- Correios, CBTU e Embrapa estão entre as empresas mais deficitárias.
- Gastos excessivos, ingerência política e má gestão explicam a piora nas contas.
As estatais federais controladas pela União acumularam um déficit histórico de R$ 18,5 bilhões durante o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo dados do Banco Central. O valor exclui Petrobras e bancos públicos, e representa o pior resultado da série histórica.
Entre as campeãs de prejuízo estão Correios, CBTU, Embrapa, Infraero e Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, de acordo com o Ministério da Gestão e Inovação. Especialistas apontam que o rombo decorre de decisões administrativas ruins, uso político e aumento dos custos operacionais.
Gastos e ingerência política pesam nos resultados
Para a economista Elena Landau, ex-diretora de privatizações do BNDES, o problema vai além da conjuntura econômica. Segundo ela, o governo Lula trata as estatais como instrumentos de poder, e não como empresas com metas de eficiência.
“Os Correios são um caso impressionante, quase um estudo sobre desperdício público. Há gastos excessivos com propaganda, pessoal e obras sem retorno, fruto de escolhas políticas”, diz Landau.
A estatal pediu recentemente empréstimo de R$ 20 bilhões e apresentou um plano de reestruturação para conter a deterioração financeira. Desse modo, o episódio reacendeu o debate sobre governança e sustentabilidade fiscal das empresas públicas.
Economistas veem falhas estruturais e técnicas
O economista-chefe da Lev Asset, Jason Vieira, concorda que a falta de gestão técnica e a pressão política têm agravado o quadro, mas também cita fatores macroeconômicos. Segundo ele, inflação, energia cara e custos de insumos corroem margens já estreitas.
“Boa parte dessas estatais opera com custos altos e receitas limitadas, dependendo de empréstimos ou aportes do Tesouro. Há ainda nomeações sem qualificação técnica, que comprometem decisões estratégicas”, afirma.
Desse modo, Vieira também destaca investimentos mal planejados, como os vinculados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e ações de marketing, que drenam caixa sem retorno direto.
Correios são símbolo da crise
Os Correios, que lideram o ranking de prejuízos com R$ 2,6 bilhões, são considerados o símbolo do desequilíbrio estrutural das estatais.
Além disso, o modelo de negócios enfrenta obsolescência tecnológica, queda no volume de postagens e competição crescente de empresas privadas.
“O problema é que muitas estatais não se adaptaram à nova economia digital”, afirma Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos.
Portanto, ele acrescenta que a falta de inovação e transparência agrava a perda de relevância dessas companhias.
Riscos fiscais e efeito dominó
O impacto fiscal dos prejuízos preocupa o mercado. Analistas temem que o Tesouro Nacional tenha de ampliar subsídios e aportes, pressionando o equilíbrio das contas públicas e o cumprimento do arcabouço fiscal.
Ademais, entre os fatores que agravam o cenário estão a politização das estatais, a substituição de técnicos por aliados e a ausência de metas de rentabilidade. “É uma combinação perigosa de má gestão e populismo fiscal”, diz Vieira.
Por fim, mesmo o Banco do Brasil, de capital misto, registrou queda de 60% no lucro no segundo trimestre de 2025, com impacto direto da inadimplência agrícola e da Selic a 15% ao ano.