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Para 78% dos investidores, investimento em ESG deve ser feito, mesmo com redução de lucro a curto prazo, aponta pesquisa da EY

Foto/Reprodução GDI
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A agenda ESG é um dos pilares que vem ganhando força e deve entrar ainda mais no pipeline de negócios das empresas para 2023, independentemente do setor, tamanho e país de atuação. Além disso, tornou-se ponto determinante para investidores tomarem decisões sobre investir ou não em empresas, como reforça a pesquisa global da EY, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo, a “Global Reporting and Institutional Investor Survey”, que ouviu mais 1.040 líderes financeiros seniores nas empresas e 320 investidores.

O posicionamento de executivos de empresas do setor financeiro e investidores com as práticas e desempenho ESG, que vem se tornando mais relevante e cobrado em todos os setores, é um dos principais pontos deste estudo, que mostra que 99% dos investidores utilizam as divulgações ESG das empresas como parte de suas decisões de investimento.

O levantamento aponta ainda que 78% dos investidores entrevistados acreditam que as empresas devem fazer investimentos que abordem questões ESG relevantes para seus negócios, mesmo que isso reduza os lucros no curto prazo. Em contrapartida, apenas 55% dos líderes financeiros das empresas entrevistadas acreditam que sua empresa deve abordar questões ESG relevantes para o negócio, mesmo quando o resultado é uma redução de curto prazo no desempenho financeiro e na lucratividade.

Para Sócio Líder de serviços na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY para o Brasil, Leonardo Dutra, esse descompasso é uma questão de maturidade do mercado. “Investir em ESG, além de mitigar riscos, proporciona uma proteção dos negócios ao longo do tempo e nos mercados com mais maturidade esse benefício a longo prazo é mais percebido”, reforça. O executivo ainda completa que “a mentalidade em desarmonia desses dois importantes stakeholders pode impactar as organizações, além de prejudicar o bom funcionamento do mercado de capitais e os esforços coletivos contra as mudanças climáticas.”

O estudo identifica que isso acontece porque, enquanto as empresas ainda estão muito focadas no que veem como pressão de curto prazo de certos investidores, os investidores dizem que não recebem informações robustas sobre a estratégia de crescimento de longo prazo de uma empresa. Mais da metade (53%) das grandes empresas pesquisadas – com receita superior a US$ 10 bilhões por ano – dizem que “enfrentam pressões de ganhos de curto prazo por parte dos investidores, o que impede nossos investimentos de longo prazo em sustentabilidade”. Já 80% dos investidores entrevistados dizem que “muitas empresas não conseguem articular adequadamente a justificativa para investimentos de longo prazo em sustentabilidade, o que pode dificultar a avaliação do investimento”.

O especialista Ricardo Assumpção, sócio-líder de ESG para a América Latina Sul e Chief Sustainability Officer da EY Brasil, explica que existe a equação de difícil resposta em relação à investimentos ESG: crescimento de longo prazo, ou resultado de curto prazo? ”Se pensarmos que ESG garante competitividade de médio e longo prazo, é fundamental que tenhamos os conselhos de administração capacitados com esta matéria e que eles sejam agentes para bancar as estratégias, mostrando ao mercado os dados mais precisos e benefícios do investimento. Em relação ao objetivo dos investimentos ESG: eles têm relação com melhorar o retorno do investimento ou promover o desenvolvimento sustentável? Uma parte relevante de quem compra produtos financeiros lastreado em ESG, crê na segunda parte, sendo que do ponto vista de investidor é a primeira parte”.

Por fim, os investidores afirmaram que não obtêm das organizações os relatórios e os insights baseados em dados de que precisam para justificar suas tomadas de decisão de investimento e sua avaliação sobre o crescimento e o perfil de risco de uma empresa. Mais de sete a cada dez afirmam que “as organizações falham em criar relatórios mais aprimorados, abrangendo divulgações financeiras e de ESG, informações essas imprescindíveis para a tomada de decisão”. Para 76% dos investidores participantes, as empresas são altamente seletivas na escolha das informações sobre ESG fornecem, despertando assim questionamentos sobre greenwashing.

“Com isso, a prioridade para as empresas é se alinhar com os investidores e demais partes interessadas nas divulgações ESG e relatórios, usando como insight os três elementos que a pesquisa identificou: foco, responsabilidade e prestação de contas com transparência”, conclui Dutra.