
- Almoço impactado: Azeite, ovos e bacalhau lideram as altas nos preços da refeição tradicional
- Chocolate em crise: Produção de ovos de Páscoa caiu 22% após disparada no preço do cacau
- Consumo mais consciente: Brasileiros compram menos e buscam alternativas para economizar
Em 2025, o tradicional almoço de Páscoa se tornou mais caro para os brasileiros. Quem deseja manter a clássica receita de bacalhau enfrentará altas expressivas nos principais ingredientes. Como: o azeite de oliva, com aumento acumulado de 14,16% em 12 meses, azeitona (13,68%), ovos (10,49%) e o próprio bacalhau (5,51%), segundo o IPCA de fevereiro.
Apesar disso, alguns itens registraram quedas significativas: a batata ficou 44,85% mais barata, a cebola caiu 32,33% e o pimentão recuou 9,57%.
Esse cenário misto reflete uma alimentação ainda pressionada, mas com variações relevantes entre categorias.
“Produtos tradicionais da data puxaram a média para cima”, explica Maria Giulia Figueiredo, analista da Rico. Para ela, a deflação pontual de alguns itens não representa tendência.
“Pode ser apenas um ajuste temporário, e não um alívio consistente nos preços dos alimentos”, avalia.
Além do prato principal, até as sobremesas registraram elevação: o chocolate em barra e os bombons subiram 16,53%. E, ainda, o chocolate em pó aumentou 12,49% e o leite condensado encareceu 8,98%.
Queda na produção de ovos e alta do cacau
Mesmo com o aumento de preços, a produção de ovos de Páscoa em 2025 atingiu 45 milhões de unidades, segundo a Abicab. Assim, uma queda de 22,4% em relação aos 58 milhões de 2024.
O principal motivo dessa retração está no preço do cacau, que disparou mais de 140% no mercado internacional ao longo de 2024, chegando a US$ 11.675,00 a tonelada em Nova York. Essa foi a maior cotação da commodity em meio século, impulsionada por problemas climáticos nas regiões produtoras, que causaram escassez global.
Segundo Guilherme Moreira, coordenador do IPC-Fipe, o aumento dos custos do cacau pressionou toda a cadeia de produção do chocolate. Dessa forma, impactando diretamente os preços ao consumidor.
Os ovos de Páscoa estão 9,52% mais caros em 2025 — embora a alta tenha sido menor do que nos dois anos anteriores. A boa notícia é que o preço do cacau recuou cerca de 22% entre janeiro e abril deste ano, saindo de US$ 10.987 para US$ 8.501 a tonelada, o que pode gerar algum alívio nas próximas datas comemorativas.
Adaptação do consumidor e dicas para economizar
Com preços em alta, o comportamento do consumidor mudou. De acordo com dados da Neogrid, na semana da Páscoa de 2024 a média de produtos por compra caiu de 4,3 para 3,6, refletindo escolhas mais conscientes. Para enfrentar o cenário, o varejo investe em embalagens menores e promoções pontuais, enquanto os consumidores recorrem a substituições inteligentes e ao planejamento financeiro.
Thaisa Durso, educadora financeira da Rico, destaca que é possível manter a tradição da data sem comprometer o orçamento.
Ela sugere aproveitar o simbolismo da Páscoa, optar por chocolates tradicionais em vez de ovos sofisticados, comparar preços por quilo, estabelecer um orçamento claro e buscar alternativas como ovos caseiros e presentes criativos. O uso de ferramentas como cashback, cupons de desconto e pagamentos à vista também pode aliviar os impactos.
Neste ano, a combinação entre inflação nos alimentos, alta de insumos globais e mudanças no comportamento do consumidor exigiu mais criatividade e organização para celebrar a Páscoa sem abrir mão da tradição — mas com os pés no chão e foco no essencial.