- Seguro-desemprego em alta: Brasil registrou 7,44 milhões de pedidos, o maior número desde 2016
- Desemprego segue em queda: Taxa de 6,6% foi a menor da série histórica do IBGE
- Maior rotatividade no mercado: Mais contratações e demissões sem justa causa explicam a alta dos pedidos
O número de solicitações de seguro-desemprego no Brasil alcançou, em 2024, o maior patamar desde 2016. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, foram 7,44 milhões de pedidos registrados ao longo do ano. Contudo, um crescimento de 4% em relação a 2023, quando o total foi de 7,16 milhões.
Apesar do aumento, especialistas indicam que esse crescimento está mais relacionado à movimentação do mercado de trabalho do que a um aumento significativo do desemprego.
O Brasil encerrou 2024 com uma taxa anual de desocupação de 6,6%. No entanto, a menor já registrada pelo IBGE desde o início da série histórica, em 2012.
Seguro-desemprego atinge recorde pós-pandemia
O volume de pedidos de seguro-desemprego em 2024 superou até mesmo os números registrados no auge da pandemia de Covid-19, em 2020, quando 6,78 milhões de pessoas solicitaram o benefício.
- Em 2021 e 2022, os números ficaram abaixo do registrado no último ano, com 6 milhões e 6,68 milhões de pedidos, respectivamente.
- O último ano com número maior foi 2016, quando o Brasil teve 7,56 milhões de solicitações.
- O crescimento das requisições acompanha o aumento no número de trabalhadores formais no país.
Segundo o Ministério do Trabalho, o aumento das solicitações do seguro-desemprego está ligado à maior rotatividade do mercado de trabalho. Com mais pessoas empregadas formalmente, há um número maior de trabalhadores aptos a solicitar o benefício ao serem desligados sem justa causa.
Desemprego segue em queda
Apesar do crescimento nas solicitações do seguro-desemprego, os dados de ocupação mostram um cenário positivo para o mercado de trabalho.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o número de brasileiros desempregados caiu para 7,4 milhões em 2024. Dessa forma, uma redução de 1,1 milhão em comparação com 2023.
- A taxa de desocupação anual foi de 6,6%, a menor da série histórica iniciada em 2012.
- A informalidade caiu de 39,2% em 2023 para 39% em 2024, reforçando o crescimento do trabalho formal.
- O aumento das demissões sem justa causa reflete um mercado aquecido, onde trabalhadores trocam de emprego com mais frequência.
Para o economista Hugo Garbe, professor da Universidade Mackenzie, o fenômeno registrado em 2024 se deve ao chamado desemprego friccional. Contudo, caracterizado pela troca de emprego e não pela falta de oportunidades.
“Com a economia mais aquecida, muitos trabalhadores mudaram de emprego, e isso gerou mais pedidos de seguro-desemprego. O desemprego continua baixo, e o que vemos é mais uma migração entre empregos do que um aumento real no número de desocupados”, afirma Garbe.
O que esperar para 2025?
A continuidade da tendência dependerá do desempenho da economia brasileira ao longo de 2025. Com projeções indicando uma desaceleração do crescimento, o ritmo de contratações e demissões pode sofrer mudanças.
Se o mercado de trabalho continuar aquecido, a alta na rotatividade poderá manter elevado o número de pedidos de seguro-desemprego. E, caso a economia desacelere mais intensamente, a taxa de desemprego pode voltar a subir.
A política de juros e os rumos da economia global influenciarão diretamente esse cenário.
O crescimento das solicitações do seguro-desemprego reforça a importância de um mercado de trabalho dinâmico. Assim, onde os trabalhadores possuem mais oportunidades, mas também enfrentam maior instabilidade em suas carreiras.