
- Selic pode subir para 14,25% ao ano nesta quarta-feira
- Expectativa para 2025 reduz taxa básica para 15% ao ano
- Inflação projetada sobe para 5,75% em 2024
Os gestores de fundos multimercados consultados pela XP esperam um aumento de 1 ponto percentual (p.p.) na taxa Selic, elevando-a para 14,25% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece nesta quarta-feira. Ao mesmo tempo, reduziram suas projeções para a Selic no final de 2025, agora estimada em 15% ao ano, em vez dos 15,25% apontados na pesquisa anterior.
A pesquisa da XP foi realizada entre 7 e 14 de março e incluiu 30 gestores especializados em multimercados macro. Os dados mostram que as expectativas de mercado estão convergindo para as projeções desses gestores, que preveem uma inflação de 5,75% ao final de 2024, acima da projeção anterior de 5,71% e da média de 5,66% apontada pelo Boletim Focus.
“Em nossa visão, as projeções do mercado estão convergindo para a precificação dos gestores, que projetam revisões altistas para a inflação brasileira como um reflexo do cenário macro desafiador e de altas pressões cambiais”, disse a XP.
Projeção para o PIB e mercado de juros
Os gestores também ajustaram suas previsões para o PIB de 2025, reduzindo a expectativa de crescimento de 2,06% para 1,95%. Contudo, abaixo da projeção do Boletim Focus, que estima um crescimento de 1,99%.
No mercado de juros, houve um aumento na aposta de um ciclo de mudança na política monetária, com crescimento de 30 p.p. no posicionamento aplicado em juros reais e 10 p.p. em juros nominais. A XP destaca que esse movimento indica que os gestores enxergam um possível novo ciclo de juros no Brasil.
“O movimento chama atenção pelo aumento de gestores que começam a enxergar uma possibilidade de mudança de ciclo de juros no Brasil”, aponta a XP.
O estudo aponta uma visão otimista para o dólar e o iene, com 70% das gestoras mantendo posição comprada, enquanto apenas 13% estão vendidas. Segundo a XP, essa estratégia reflete a reprecificação da moeda americana no início de 2025.
“No câmbio, observamos a continuidade de uma tendência mais otimista em relação ao dólar e ao iene. Em particular, houve uma redução no posicionamento comprado, com 70% das gestoras com posição comprada (ex-neutro), enquanto apenas 13% estão vendidas”, apontou a XP.
Otimismo com a bolsa brasileira
Os gestores demonstram maior confiança no mercado acionário brasileiro. A pesquisa revela que 37% das gestoras estão compradas na Bolsa, enquanto apenas 7% mantêm posição vendida. O posicionamento neutro aumentou em 10 p.p., alcançando 57% dos gestores.
Por outro lado, o otimismo com a Bolsa dos Estados Unidos caiu, com o percentual de gestoras compradas reduzindo de 60% para 43%, enquanto o posicionamento neutro subiu 13 p.p. Esse movimento sugere uma visão mais cautelosa para a renda variável no mercado americano.
A pesquisa da XP reforça que as expectativas dos gestores estão alinhadas às projeções macroeconômicas. Assim, refletindo um cenário de desafios para inflação e crescimento. E, ao mesmo tempo em que abre espaço para oportunidades em segmentos específicos do mercado financeiro.