- A desaprovação do mercado financeiro em relação ao governo Lula atingiu 90% em dezembro, o que reflete uma crescente insatisfação com a condução econômica do país
- O governo anunciou um pacote fiscal de contenção de gastos, mas o mercado considerou as medidas insuficientes para resolver os problemas fiscais e econômicos
- A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, anunciada junto ao pacote fiscal, foi vista como um erro pelo mercado, exacerbando a insatisfação
- Apesar de algumas ações positivas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o mercado continua cético em relação à sustentabilidade fiscal do governo e à sua capacidade de enfrentar os desafios econômicos
A avaliação negativa do mercado financeiro em relação ao terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a alcançar níveis alarmantes, atingindo 90% de desaprovação, de acordo com dados divulgados pela pesquisa Genial/Quaest nesta quarta-feira (4). Esse é o pico mais alto registrado desde o início de seu governo, em março de 2023, e reflete uma crescente insatisfação com as ações econômicas da administração petista.
Conforme apontado pela pesquisa, apenas 3% dos agentes econômicos entrevistados veem de forma positiva a gestão de Lula, enquanto outros 7% a consideram regular. Esses números indicam que, de maneira geral, a confiança do mercado financeiro em relação à condução econômica do país está em queda, especialmente com a recente deterioração das contas públicas.
Apesar disso, a gestão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um desempenho relativamente mais favorável do que a do próprio presidente.
Desafios fiscais e medidas econômicas insuficientes
A pesquisa, que ouviu economistas de 105 fundos de investimento localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, reflete um cenário econômico complexo e de crescente preocupação.
O governo Lula, que já enfrentava desafios fiscais desde o início do terceiro mandato, viu a situação se agravar com o aumento da inflação. Além da desaceleração do crescimento econômico e o desajuste nas contas públicas.
No final de novembro, o governo anunciou um pacote fiscal com o objetivo de promover uma contenção de gastos e gerar uma economia de mais de R$ 70 bilhões entre os anos de 2025 e 2026. No entanto, o mercado reagiu negativamente a essas medidas, considerando-as insuficientes para resolver os problemas fiscais do país.
A decisão do governo de isentar o Imposto de Renda (IR) de contribuintes com rendimentos de até R$ 5 mil também foi vista como equivocada. Especialmente no contexto de um pacote fiscal destinado à redução do déficit público.
Essa combinação de ações acabou gerando um clima de frustração entre os investidores, que questionam a eficácia das políticas econômicas implementadas pelo governo. Além disso, a dúvida sobre a sustentabilidade fiscal do país persiste, com o mercado aguardando medidas mais contundentes para garantir o equilíbrio das contas públicas. Além da confiança dos investidores.
A persistente desconfiança do mercado
O resultado da pesquisa Genial/Quaest reflete uma desconfiança crescente em relação à capacidade do governo Lula de enfrentar os desafios fiscais que o Brasil enfrenta. Desde a primeira pesquisa realizada em março de 2023, a avaliação do mercado tem se deteriorado. Assim, à medida que as expectativas em torno da condução econômica do país se mostram cada vez mais distantes da realidade.
A preocupação com a inflação, os altos níveis de dívida pública e a falta de uma reforma fiscal sólida são apenas alguns dos fatores que contribuem para essa insatisfação generalizada.
Além disso, o cenário político também tem um impacto significativo na avaliação do governo. Ainda, com críticas à falta de coesão entre os diferentes atores políticos e a crescente polarização. Para o mercado financeiro, a falta de uma estratégia clara e a instabilidade política são fatores adicionais de incerteza. Que, assim, e ampliam o pessimismo em relação à sustentabilidade do atual modelo econômico.
Apesar disso, a gestão de Fernando Haddad à frente do Ministério da Fazenda ainda encontra alguma simpatia. Já que o ministro tem procurado implementar reformas e ajustar as contas públicas, mesmo diante das dificuldades. No entanto, a falta de medidas mais drásticas e a continuidade do déficit fiscal deixam os economistas céticos em relação a qualquer solução a curto prazo.
O futuro da economia brasileira
O futuro econômico do Brasil depende da capacidade do governo Lula de restaurar a confiança do mercado e implementar reformas fiscais para resolver questões estruturais.
A pesquisa de dezembro, que reflete um momento de pessimismo elevado, serve como um alerta para o governo sobre a necessidade urgente de ações mais robustas. Caso a percepção negativa do mercado continue a se intensificar, os impactos econômicos poderão se tornar mais profundos. Dessa forma, afetando a confiança dos investidores e o bem-estar econômico dos cidadãos brasileiros.