
- Petrobras quer contratar 48 embarcações até 2026 com 40% de produção feita no Brasil.
- Plano inclui ampliar a oferta e reduzir os preços, mirando a reindustrialização.
- Companhia vai explorar 8 poços na Margem Equatorial, aguardando aval ambiental.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, anunciou nesta segunda-feira (26) que a empresa vai contratar 48 embarcações com pelo menos 40% de conteúdo nacional até o fim de 2026. A medida faz parte de um pacote que busca fortalecer a indústria brasileira e gerar empregos nos próximos anos.
Estímulo à indústria naval
Durante o evento Nova Indústria Brasil, realizado na sede do BNDES no Rio de Janeiro, Chambriard destacou a importância de o setor estar preparado para atender às demandas da Petrobras. Segundo ela, a contratação das embarcações precisa impulsionar diretamente a indústria local, que terá um papel estratégico nesse plano de expansão.
“A gente precisa que esta indústria nacional esteja atenta e preparada para nos atender”, declarou a presidente da estatal, reforçando o objetivo de contratar fornecedores brasileiros sempre que possível. A ampliação da frota visa acompanhar o aumento da produção offshore, especialmente nas áreas do pré-sal, como o campo de Búzios, na Bacia de Santos.
A iniciativa está alinhada com as diretrizes do governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem cobrado da Petrobras mais ações voltadas à geração de empregos e ao estímulo da economia nacional. Dessa forma, o plano de aquisição de navios com conteúdo nacional reforça o compromisso da empresa com políticas industriais estratégicas.
Mais gás, menor custo
Chambriard também anunciou planos para aumentar a oferta de gás natural no país. Segundo ela, o objetivo é ampliar a produção e, ao mesmo tempo, reduzir os preços praticados no mercado interno. “Estamos empenhados em entregar mais e reduzir os preços, de olho na petroquímica”, afirmou.
A queda no custo do gás é considerada essencial para alavancar setores industriais que dependem do insumo, como o químico e o de fertilizantes. Nesse sentido, a Petrobras vê no gás natural uma oportunidade para diversificar fontes de receita e fortalecer sua atuação em diferentes cadeias produtivas.
Além disso, o aumento da oferta de gás pode contribuir para reduzir a dependência do Brasil em relação às importações. O projeto inclui investimentos em infraestrutura e novos acordos com produtores e distribuidores, o que pode representar uma reconfiguração significativa do mercado nos próximos anos.
Exploração na Margem Equatorial
Outro foco da Petrobras é a região da Margem Equatorial, no norte do país. Na última quinta-feira (22), a presidente da estatal revelou que o plano da companhia é perfurar oito poços exploratórios na Bacia da Foz do Amazonas, uma das áreas com maior potencial geológico para petróleo e gás.
Entre os projetos, destaca-se o poço FZA-M-59, também chamado de “Morpho”. No entanto, a perfuração desse poço ainda depende de autorização ambiental do Ibama, o que tem gerado debates entre órgãos ambientais, técnicos e o setor energético. A empresa não detalhou o cronograma de perfuração, mas confirmou que as operações devem começar nos próximos anos.
A estratégia da Petrobras é aumentar sua presença em áreas com alto potencial de descobertas, buscando reduzir riscos e diversificar sua produção futura. A Margem Equatorial é vista como uma nova fronteira de exploração, e a estatal quer se posicionar na vanguarda dessa expansão.
Desafios e perspectivas
Apesar do otimismo, o plano da Petrobras (PETR4) enfrenta desafios. A capacidade da indústria naval brasileira para atender à demanda, por exemplo, dependerá de investimentos em tecnologia, mão de obra e infraestrutura.
Além disso, o licenciamento ambiental para a Margem Equatorial ainda é um ponto sensível. Ainda que o discurso da presidente reforce a visão de uma Petrobras ativa no fortalecimento da economia nacional.
Em suma, os compromissos assumidos até 2026 mostram que a estatal pretende conciliar crescimento econômico com políticas públicas de desenvolvimento e sustentabilidade.