A euforia inicial em torno dos anúncios de novas plantas para fornecimento do gás natural tem dado sinais de preocupação.
Dias atrás, o comunicado da petroleira Equinor de investir no bloco offshore de gás natural BM-C-3, somado ao da Petrobras, que disse que produzirá gás a partir de seus novos campos em águas profundas no estado de Sergipe, foram celebrados como um avanço positivo. Mas a nova produção não só está longe de acontecer, como as perspectivas de venda já se demonstraram frustradas.
O BM-C-33 só começará a produzir gás em 2028 e o projeto de Sergipe em 2027. Embora houvesse celebração em torno do investimento no BM-C-33 e na chegada eventual de mais gás por meio do gasoduto Rota 3, nem toda a produção de cerca de 50 milhões de m³/dia será nova. Parte dela será para compensar a perda no fornecimento da Bolívia e a redução na produção dos campos maduros da Petrobras.
Outra preocupação é que o gás do BM-C-33 seja em sua maioria negociado pela Petrobras. Alguns participantes da indústria informaram à Argus que uma grande parcela já está contratada e será vendida aos distribuidores no chamado “cesta Petrobras”, composta por GNL importado, gás autogerado e gás boliviano.
Em uma perspectiva que se desenrola não tão positiva, os consumidores ainda estão tentando encontrar novos suprimentos de gás a valores mais baixos, já que nem o anúncio sobre a redução do preço do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) pela Petrobras empolgou muito. Dados da Argus apontam que, embora essa queda pressione a redução do preço do gás natural, ainda é comercializado por valores acima do mercado internacional.