Respaldo asiático

Petrobras (PETR4) desafia tarifas dos EUA e aposta na Índia como novo motor das exportações

CEO Magda Chambriard garante que companhia não depende dos americanos e reforça plano de expansão em águas profundas.

Magda Chambriard - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Magda Chambriard - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
  • Petrobras praticamente não depende dos EUA e reforça foco em China e Índia.
  • Diversificação garante maior previsibilidade de receitas e atrai confiança de investidores.
  • Cadeias logísticas mais lentas exigem ajustes nos planos de investimentos em águas profundas.

A Petrobras (PETR4) mostrou nesta quarta-feira (3) que não teme a guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos. Segundo a CEO Magda Chambriard, a petroleira está blindada pela força de suas vendas para a Ásia, principalmente China e Índia, e seguirá ampliando a produção em águas profundas.

O petróleo brasileiro, que não entrou no pacote de tarifas americanas, tem a China como destino principal, responsável por mais da metade das exportações. Agora, a Índia surge como um segundo polo estratégico, “pronta para comprar tudo o que a Petrobras puder exportar”, afirmou Chambriard no fórum Bloomberg New Voices.

Blindagem contra tarifas

O discurso da executiva vem num momento em que investidores temem os efeitos do tarifaço imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros.

Nesse sentido, para a Petrobras o risco é limitado: apenas 8% das exportações vão para os EUA, contra 52% para a China e 12% para o restante da Ásia, segundo dados do 2º trimestre.

Então, isso significa que, diferentemente de setores como agro e manufatura, a estatal não está exposta a grandes perdas no mercado americano.

Desse modo, reforça a imagem de que pode até se beneficiar do redesenho logístico global, encontrando novos compradores em mercados emergentes.

Índia entra no jogo

Chambriard destacou que a Índia tem se tornado um destino prioritário para o petróleo brasileiro, seguindo o mesmo caminho da China.

Sendo assim, a abertura desse mercado tende a ampliar a margem de manobra da Petrobras em meio ao aumento da oferta global de barris e às tensões geopolíticas.

Além disso, para analistas a diversificação traz mais previsibilidade às receitas da companhia e reduz a volatilidade percebida pelos investidores da B3.

Portanto, em paralelo, fortalece o discurso de que a Petrobras não ficará refém das políticas comerciais de Washington.

Impactos no mercado e nos projetos

Embora a blindagem contra tarifas seja vista como positiva, a CEO alertou para efeitos indiretos da guerra comercial.

Assim, o redesenho das cadeias logísticas tem encarecido e atrasado entregas de equipamentos usados em projetos de águas ultraprofundas, como os do pré-sal.

Ademais, segundo Chambriard, a Petrobras está se antecipando para mitigar atrasos e seguirá ajustando seu plano de investimentos ao preço de referência do barril em torno de US$ 65.

Por fim, a executiva também disse não acreditar em quedas para US$ 50, mesmo com a incerteza geopolítica.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.