
- Petrobras pede ao Cade para participar da análise da venda da Braskem
- Estatal quer resguardar seus direitos no acordo de acionistas
- Tanure pode assumir controle com apenas 3,1 p.p. de vantagem sobre a Petrobras
A Petrobras solicitou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sua entrada como terceira interessada no processo que avalia a venda da Braskem. O pedido foi protocolado na última quinta-feira (25) e busca garantir à estatal participação ativa na análise da possível transferência de controle da petroquímica para o empresário Nelson Tanure.
A movimentação ocorreu após o Cade autorizar, sem restrições, um pedido feito por Tanure e pela Novonor, antiga Odebrecht, para prosseguir com a potencial operação. Atualmente, a Novonor controla a Braskem com 50,1% das ações com direito a voto. Já a Petrobras detém 47%, uma diferença de apenas 3,1 pontos percentuais entre as duas.
Petrobras quer preservar seus direitos contratuais
A Petrobras baseou seu pedido no acordo de acionistas firmado com a Novonor. O documento prevê direito de preferência e cláusulas de “tag along” em caso de venda direta ou indireta das ações da Braskem. Dessa forma, a estatal busca assegurar seus direitos dentro da análise em curso no Cade.
Segundo comunicado ao mercado, a empresa reforçou a necessidade de entrar nos autos para acompanhar o processo. Além disso, afirmou que ainda avalia tecnicamente se permanece no capital da Braskem ou realiza desinvestimentos. Até o momento, nenhuma decisão definitiva foi tomada.
O valor da operação entre Tanure e Novonor ainda não foi divulgado. No entanto, o mercado vê a possível entrada de Tanure como relevante, considerando seu histórico no mercado de capitais e seu perfil estratégico e combativo.
Cade decidirá se Petrobras participa da análise
O Cade agora precisa decidir se aceita ou não a inclusão da Petrobras no procedimento. Caso a solicitação seja aprovada, a estatal poderá apresentar argumentos formais e se posicionar diretamente sobre os impactos concorrenciais do negócio.
Esse movimento atraiu atenção porque o controle da Braskem está em jogo. A entrada de Tanure pode provocar mudanças profundas na governança da companhia. Embora a Petrobras não tenha declarado interesse direto em adquirir o controle, sua intenção de influenciar o processo ficou evidente.
Além disso, a presença da Petrobras aumenta a complexidade da operação. A Braskem é uma das maiores petroquímicas da América Latina e tem papel estratégico na cadeia industrial e energética do país. Por isso, qualquer alteração acionária exige cuidado redobrado.
Disputa pelo comando da Braskem pode se intensificar
A solicitação da Petrobras transforma o processo de venda da Braskem em uma disputa estratégica. Apesar da participação minoritária, a estatal possui força relevante por meio do acordo de acionistas e pode interferir em decisões importantes.
Especialistas acreditam que o caso pode acabar em impasse jurídico. Isso ocorreria se a Petrobras decidisse contestar a venda sem exercer de fato seus direitos contratuais. Por ora, a entrada como terceira interessada serve como ferramenta de monitoramento e de defesa preventiva.
O desfecho da negociação permanece incerto. No entanto, com a estatal envolvida, o cenário muda. A transação poderá sofrer renegociações, principalmente se a Petrobras decidir exercer seu direito de preferência ou se opor aos termos atuais da negociação com Tanure.