Analistas cortam recomendação da Petrobras devido a decepção com a distribuição de dividendos. Preços-alvo também sofreram cortes.
A decisão da Petrobras (PETR4) de não pagar dividendos extraordinários gerou repercussões significativas entre analistas financeiros. Santander e Bradesco BBI rebaixaram suas recomendações para as ações da empresa de “compra” para “neutro” após a divulgação da proposta de distribuição de R$ 14,2 bilhões em dividendos, valor abaixo do esperado pelo mercado.
Ao invés de pagar dividendos extraordinários, a Petrobras optou por criar uma reserva de Remuneração de Capital de US$ 9,0 bilhões. Esta mudança reduziu as expectativas de dividend yield para os próximos anos, levando os analistas a verem a Petrobras com menos atratividade frente a seus pares globais, o que também provocou cortes nos preços-alvo das ações.
Analistas Financeiros Reduzem Expectativas Após Petrobras Optar por Reserva de Capital
A recente decisão da Petrobras de direcionar uma parcela significativa de seus recursos para a criação de uma reserva de Remuneração de Capital, ao invés de distribuir dividendos extraordinários como esperado pelo mercado, causou um impacto negativo na percepção dos analistas do Santander e do Bradesco BBI. A distribuição anunciada de R$ 14,2 bilhões ficou abaixo das expectativas, levando a um rebaixamento das recomendações das ações da companhia de “compra” para “neutro”.
Analistas apontaram a retenção de caixa pela empresa como um sinal de incerteza sobre a política de dividendos, que antes era vista como clara e atrativa. Com a revisão das expectativas para dividendos extraordinários de US$ 5 bilhões por ano para US$ 2 bilhões (além dos pagamentos mínimos), o rendimento de dividendos esperado para os próximos anos foi ajustado para 9% em 2024 e 2025, abaixo dos 12% anteriormente projetados.
Esta mudança de estratégia também afetou os preços-alvo das ações, com reduções significativas tanto para os papéis negociados no Brasil quanto para os ADRs negociados nos Estados Unidos. Os analistas agora veem a Petrobras com menos potencial de valorização e destacam o possível desvio de investidores para outras empresas do setor petrolífero, como as chinesas PetroChina e Sinopec, além da Aramco, devido à reviravolta na disciplina de capital e nos programas de recompra.
A Petrobras, que detinha uma posição de caixa robusta ao final de 2023, espera gerar um fluxo de caixa operacional substancial em 2024, suficiente para financiar seus investimentos. No entanto, a falta de clareza sobre a distribuição futura de dividendos e a possível orientação para atividades de fusões e aquisições em 2024 podem limitar o apelo da empresa para investidores em busca de altos dividendos, alinhando a Petrobras mais estreitamente com seus pares latino-americanos e europeus.
Petrobras registra lucro menor e corte de dividendos sob governo Lula
A Petrobras divulgou seus resultados financeiros referentes ao ano de 2023, marcado pelo primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente da estatal. O lucro da empresa atingiu R$ 124,6 bilhões, representando uma queda significativa de 33,8% em comparação com o ano anterior, que registrou um recorde sob o governo Bolsonaro.
Em contrapartida, os investimentos da Petrobras aumentaram, evidenciando uma estratégia de priorizar o direcionamento de recursos para projetos internos. Essa mudança de foco refletiu diretamente na distribuição de dividendos aos acionistas, que diminuíram expressivamente em 66,4%, totalizando R$ 72,4 bilhões.
A decisão da empresa de não pagar dividendos extras, como havia ocorrido no ano anterior, surpreendeu e frustrou investidores, que esperavam uma distribuição adicional entre US$ 4 bilhões e US$ 9 bilhões. Contudo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ressaltou que essa medida visa priorizar investimentos para garantir um crescimento rentável a longo prazo.
Prates enfatizou que, além dos dividendos, a sociedade brasileira se beneficia com a arrecadação de impostos gerada pela Petrobras, que alcançou R$ 240 bilhões em 2023. Ele destacou também o crescimento do valor de mercado da empresa desde que assumiu a gestão, em janeiro de 2023.
Apesar da redução nos dividendos, a regularidade dos pagamentos sob o governo Lula surpreendeu positivamente o mercado. A mudança na política de dividendos, que passou a prever uma distribuição de cerca de 45% do fluxo de caixa livre, contribuiu para essa estabilidade.
No entanto, os números do quarto trimestre de 2023 mostram uma tendência preocupante, com lucro líquido de R$ 31 bilhões, 28,4% menor em comparação com o mesmo período do ano anterior. A Petrobras enfrenta desafios diante da redução de receitas de vendas e do Ebitda, embora tenha registrado um aumento em relação ao trimestre anterior.