Fechou em queda

Petróleo cai com ameaça de Trump de aplicar tarifas de até 100% contra Rússia

Declarações do presidente dos EUA abalam mercado de energia e elevam tensão diplomática com Moscou.

Petróleo, petroleiras
Foto de Kokhanchikov
  • Trump ameaça tarifas de até 100% a compradores de energia da Rússia caso não haja cessar-fogo na Ucrânia
  • Petróleo WTI fechou em US$ 66,98; Brent caiu para US$ 69,21, com forte reação do mercado
  • Analistas preveem impacto maior sobre gás natural, mas risco para o petróleo também é significativo

Os preços do petróleo encerraram o pregão desta segunda-feira (14) em queda, pressionados por novas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que voltou a mirar a Rússia com medidas econômicas. A possibilidade de tarifas secundárias de até 100% para quem comprar energia do país gerou forte repercussão no mercado.

Trump condicionou a medida à falta de um acordo de cessar-fogo na guerra da Ucrânia nos próximos 50 dias. Ele declarou estar “muito infeliz com Putin” e disse que esperava um desfecho diplomático há dois meses. Em encontro com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, o presidente dos EUA endureceu o discurso e reforçou o apoio militar à aliança atlântica e à Ucrânia.

Reações imediatas no mercado de petróleo

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI com entrega para agosto caiu 0,77%, ou US$ 0,53, fechando a US$ 66,98 por barril. Já o Brent, referência global negociada na ICE, recuou 1,63%, ou US$ 1,15, terminando o dia cotado a US$ 69,21 por barril.

As falas de Trump vieram acompanhadas de um discurso agressivo. Ele criticou os custos da guerra, dizendo que os EUA já gastaram US$ 315 bilhões, e responsabilizou Joe Biden por prolongar o conflito. Além disso, voltou a afirmar que “assuntos comerciais são ótimos para resolver guerras”.

O mercado leu as declarações como um alerta de restrição futura na oferta de energia russa, o que pode impactar principalmente o gás natural. No entanto, o petróleo também reagiu, com investidores tentando antecipar os efeitos sobre os fluxos globais e o comportamento da Opep+, grupo que inclui a Rússia.

Entenda a diferença entre tarifas e sanções

Após as declarações de Trump, houve confusão sobre o uso do termo “tarifas secundárias”. Para esclarecer, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, explicou que a medida não se trata de sanção técnica. Segundo ele, Trump cogita uma sanção econômica com cara de tarifa, voltada a países e empresas que mantiverem negócios com a Rússia.

“Você pode usar tarifas ou pode usar sanções. São duas ferramentas à disposição do presidente”, afirmou Lutnick. A diferença está no alcance legal e no impacto direto sobre empresas estrangeiras. A retórica de Trump, no entanto, já basta para mexer com os mercados.

O temor dos investidores é que a medida, se aplicada, isole ainda mais a Rússia do comércio global de energia. Isso forçaria países compradores a buscar alternativas de fornecimento, pressionando estoques e elevando a volatilidade dos preços.

Analistas projetam cenário de pressão sobre energia

A consultoria Capital Economics avaliou que, se Trump cumprir a promessa, o mundo poderá ver uma queda expressiva nos fluxos de energia russa. O impacto imediato seria maior sobre o gás natural, que já tem oferta mais limitada. No entanto, o petróleo também pode ser afetado, dependendo da reação da Opep+.

Segundo os analistas, uma medida nesse nível teria potencial para provocar graves tensões fiscais na Rússia. Ainda assim, eles alertam que Putin prioriza gastos militares, o que pode manter o país engajado na guerra mesmo sob forte restrição econômica.

Embora os preços do petróleo tenham caído hoje, o cenário permanece instável. Uma ofensiva tarifária dos EUA pode gerar efeitos opostos nos próximos dias, com possibilidade de alta repentina caso haja quebra na oferta ou reações diplomáticas mais severas.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.