
- Brasil atinge 40 anos de democracia ininterrupta
- Crescimento econômico ficou abaixo de outros emergentes
- Produtividade e envelhecimento populacional são desafios futuros
O Brasil celebra, neste sábado (15), quatro décadas de regime democrático civil contínuo. Esse é o mais longo período de estabilidade democrática da história do país, marcado por avanços sociais significativos.
No entanto, o desempenho econômico ficou aquém das expectativas, especialmente quando comparado a outras nações emergentes como China, Índia e Coreia do Sul.
Desempenho econômico abaixo do esperado
Ao longo dos últimos 40 anos, o Brasil registrou um crescimento acumulado do PIB per capita de 62%, considerando a paridade do poder de compra (PPP). Esse resultado coloca o país entre os piores desempenhos do G20, ficando em 8º lugar entre as economias com menor avanço no período.
O levantamento, realizado pelo economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, mostra que o desempenho econômico do Brasil foi modesto até mesmo no contexto latino-americano. Entre 2015 e 2024, o crescimento do PIB per capita foi de apenas 2,2%, o pior desempenho econômico das últimas quatro décadas.
Brasil perde espaço no cenário global
Nos anos 1980, a economia brasileira superava em tamanho as de China e Índia. Em 1982, por exemplo, o PIB nominal do Brasil era de US$ 271,3 bilhões, enquanto o da China era de US$ 205,1 bilhões e o da Índia, de US$ 207 bilhões.
No entanto, a hiperinflação no final da década de 1980 e a instabilidade econômica dos anos 1990 reduziram a competitividade do país. Atualmente, o PIB brasileiro representa apenas 12% do PIB da China e 56% do PIB da Índia.
Enquanto o Brasil avançou pouco, outros emergentes conseguiram impulsionar suas economias de forma significativa. A Guiana, por exemplo, teve forte expansão devido à exploração de petróleo na Margem Equatorial. Países como Argentina e México também apresentaram desempenhos melhores que o Brasil nos últimos anos.
Desafios para o futuro
Economistas avaliam que o Brasil precisa aumentar sua produtividade para recuperar o crescimento econômico. Com a população envelhecendo rapidamente, o país enfrenta desafios estruturais que podem limitar ainda mais sua capacidade de expansão.
Além disso, setores estratégicos, como o de petróleo, enfrentam entraves regulatórios. O Brasil aguarda há mais de uma década uma análise do Ibama para a exploração de petróleo na Margem Equatorial, área que tem impulsionado a economia de nações vizinhas.
Para Alex Agostini, da Austin Rating, o Brasil perdeu oportunidades importantes ao longo das últimas décadas.
“Nos anos 1970, o PIB brasileiro era 25% superior ao da China e da Índia. Esse percentual chegou a 35% nos anos 1980. Mas a hiperinflação e a má gestão econômica comprometeram esse avanço, resultando no atual cenário de baixo crescimento e concentração de renda”, explica o economista.