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PIB interrompe quedas e avança 0,5% no 4º trimestre, acima das expectativas

Recentemente, saíram os resultados do PIB brasileiro no quarto trimestre de 2021 e, consequentemente, de todo o ano. Por isso, os economistas do Banco Original — Marco Caruso (economista-chefe), Lisandra Barbero e Eduardo Vilarim — publicaram uma análise sobre o indicador. Confira.

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Recentemente, saíram os resultados do PIB brasileiro no quarto trimestre de 2021 e, consequentemente, de todo o ano. Por isso, os economistas do Banco Original — Marco Caruso (economista-chefe), Lisandra Barbero e Eduardo Vilarim — publicaram uma análise sobre o indicador.

Resumo

Com os dados divulgados hoje pelo IBGE, o PIB de 2021 fechou com avanço de 4,6% ante 2020, o equivalente a uma alta de 0,5% na comparação com o 3T21,acima tanto das nossas expectativas (0,3% t/t) quanto do consenso do mercado (0,1% t/t).

Sob a ótima da oferta, o resultado foi influenciado, sobretudo, pela expansão trimestral da agropecuária, construção civil e serviços, que avançaram o suficiente para compensar a queda de 2% do comércio.

Olhando para 2022, somente o carrego estatístico de 0,3% sugere a manutenção das nossas projeções de PIB anual de 0,5% para 0,7%. 

Detalhes

Pela perspectiva da oferta, os piores resultados vieram da indústria e do comércio. A indústria contraiu 1,2% t/t no período, puxada por resultados negativos tanto da indústria extrativa mineral quanto da indústria de transformação, ainda fragilizada em meio a escassez de insumos que afeta a cadeia produtiva global.

O setor chegou a apresentar um resultado surpreendente na PIM-PF de dezembro, em função da produção acentuada de veículos e componentes eletrônicos, mas os dados divulgados pela ANFAVEA em janeiro deste ano sinalizam para uma performance bastante pontual na produção de automóveis, que voltou a cair. Mais uma vez, a construção civil (1,5% t/t) foi a único destaque positivo do setor.

O setor de serviços, embora tenha acelerado 0,5% t/t foi fragilizado pela piora do comércio (-2,0% t/t) e serviços de atividades imobiliárias e aluguel, que sentem os efeitos do aumento de preços (sobretudo em contratos referenciados em IGP-M, no caso do aluguel), redução orçamentária das famílias e a redução do volume de crédito.

O shift da demanda por serviços presenciais em detrimento do consumo de bens também parece explicar o contraste entre serviços e comércio, o que é evidenciado pelos aumentos dos serviços prestados às famílias.

Pela perspectiva da demanda, o consumo familiar continua expandindo na comparação trimestral (0,7%), mesmo em meio a inflação ainda elevada e queda do rendimento médio das famílias.

Os investimentos voltaram a crescer (0,4% t/t), em linha com o resultado positivo da produção de insumos típicos para construção civil e expansão de bens de capital.

Olhando para 2022, somente o carrego estatístico de 0,3% sugere a manutenção das nossas projeções de PIB anual de 0,5% para 0,7%.

Em meio à tantas casas com expectativas negativas para o PIB este ano, nossa visão positiva é sustentada pelo entendimento de que a atividade deve se beneficiar do avanço de componentes mais autônomos da economia, como a indústria extrativa mineral (em função da alta das commodities) e do setor de serviços, influenciado pelo aumento dos serviços de alojamento e alimentação (bares, hotéis e restaurantes), que ainda se encontram 11,7% abaixo do nível pré-pandêmico.

Os gastos governamentais também devem conceder relevante impulso para a atividade, sobretudo nos recursos enviados diretamente à população (Auxílio Brasil e possível nova rodada de FGTS) e pequenas e médias empresas (através de pacotes de crédito da ordem de R$ 100 bilhões, como o Pronampe). Neste sentido, a expansão dos orçamentos familiares cria um ambiente favorável para o consumo.