- Campos Neto fortaleceu a independência do Banco Central, com a criação de regras para mandatos e demissões
- Sua gestão viabilizou o Pix, sistema de pagamento que transformou os meios de pagamento no Brasil
- Campos Neto impulsionou o Open Finance e a criação do Drex, uma moeda digital baseada em blockchain
- Apesar dos desafios, deixou um legado de inovação e autonomia para o Banco Central
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, fará sua última participação no Comitê de Política Monetária (Copom) na noite de quarta-feira (11), encerrando um ciclo à frente da instituição que durou quase seis anos. Com seu mandato se findando em 31 de dezembro, Campos Neto deixa como principais legados a autonomia do Banco Central e a consolidação de inovações no sistema financeiro nacional, como o Pix e o projeto Open Finance.
O fortalecimento da autonomia do Banco Central
Um dos marcos mais importantes da gestão de Campos Neto foi a conquista da autonomia do Banco Central, sancionada em 2021, mas com discussões e esforços já iniciados durante seu mandato. A autonomia foi um passo crucial para reduzir a influência do governo federal nas decisões do BC, especialmente nas políticas monetárias. O objetivo era garantir que o Banco Central pudesse atuar de forma independente, focando no controle da inflação e na estabilidade econômica, sem pressões políticas.
A nova legislação estabeleceu que o presidente e os diretores do Banco Central têm mandatos de quatro anos, com a renovação de dois diretores a cada ano. Com isso, mesmo com mudanças no governo, parte da equipe do BC continua em seus postos, assegurando a continuidade das políticas e evitando a concentração de poder em uma única gestão. Além disso, o presidente do BC só pode ser demitido em quatro situações específicas, o que reforçou ainda mais sua independência.
Em 2024, o debate sobre uma ampliação dessa autonomia ganhou força, com a proposta de desvincular o orçamento do BC da União. Essa medida, ainda em tramitação no Senado por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), visa dar mais controle sobre os recursos da autoridade monetária, permitindo maior flexibilidade em sua atuação. Campos Neto é um defensor dessa proposta, que pode proporcionar maior independência financeira para o BC no futuro.
O Pix e a revolução nos pagamentos
Outro grande legado de Campos Neto à frente do Banco Central foi a criação e implementação do Pix. Sistema de pagamento instantâneo que revolucionou o setor financeiro no Brasil.
Campos Neto, no entanto, impulsionou a implementação e a popularização do projeto, que já estava em discussão desde a gestão de Ilan Goldfajn, e lançou a ferramenta em novembro de 2020.
O sucesso foi imediato. Em seu primeiro trimestre de operação, o Pix registrou 176 milhões de transações, número que saltou para mais de 16 bilhões no terceiro trimestre de 2024. O sistema se consolidou como o principal meio de pagamento do país, superando outras formas tradicionais, como TEDs e DOCs, devido à sua rapidez e facilidade.
O Pix fez parte de um projeto maior do Banco Central, o Open Finance, que visa integrar os diversos sistemas financeiros do Brasil. A ideia é criar um ambiente mais aberto e competitivo, permitindo que consumidores e empresas possam acessar serviços financeiros de forma mais ágil e eficiente. Campos Neto também impulsionou o desenvolvimento do Drex, uma versão digital do real que utiliza a tecnologia blockchain. Assim, para tornar as transações financeiras mais rápidas e seguras.
O futuro do Banco Central
Ao longo de sua gestão, Campos Neto enfrentou diversos desafios, especialmente em relação ao cenário fiscal do Brasil, que impactou diretamente a estabilidade econômica. A tensão política também gerou desafios, com críticas à condução da política monetária e à taxa de juros elevada.
No entanto, mesmo diante de um ambiente econômico instável, Campos Neto conseguiu manter a autonomia do Banco Central. E, assim, implementar as políticas necessárias para preservar a estabilidade financeira.
Agora, com o fim de seu mandato se aproximando, o presidente deixa o Banco Central em uma posição mais robusta. Contando com uma trajetória de inovação e independência institucional. A nova gestão terá como desafio manter e expandir esses avanços, além de enfrentar as novas questões que surgem no cenário econômico global e interno.
Campos Neto, que assumiu o cargo em 2019, deixa um legado importante para a história econômica do Brasil. A autonomia do BC e a transformação do sistema financeiro brasileiro são conquistas que vão além de sua gestão. Dessa forma, moldando o futuro da economia nacional por muitos anos.