
- Mais de 150 milhões de brasileiros usam o Pix, o que impulsionou também o uso de cartões.
- Galípolo reforçou que o sistema continuará sob gestão do Banco Central.
- Banco Central planeja lançar funcionalidades como Pix automático e internacional.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o Pix tem provocado uma verdadeira transformação no sistema financeiro brasileiro. Para ele, o impacto da ferramenta vai além da substituição de meios de pagamento: trata-se de um avanço na bancarização e na inclusão digital da população.
Durante participação no evento Blockchain.RIO, Galípolo afirmou que não existe rivalidade entre Pix e cartões. Ao contrário do que muitos acreditam, o sucesso de uma modalidade tem impulsionado a outra. “Com mais pessoas integradas ao sistema bancário, o uso de cartões cresce junto com o Pix”, disse.
Pix estimula a inclusão bancária
Segundo Galípolo, a massificação do Pix contribuiu para que milhões de brasileiros passassem a utilizar serviços bancários pela primeira vez. Isso porque a ferramenta é gratuita, simples e acessível a qualquer cidadão com uma conta. Ao facilitar transações entre pessoas físicas e empresas, o Pix fortaleceu também o consumo digital.
Além disso, os dados mostram que o Pix alcançou mais de 150 milhões de pessoas físicas e 15 milhões de empresas apenas em junho de 2025. Nesse mês, foram movimentados impressionantes R$ 2,8 trilhões por meio da plataforma. Os números reforçam o que o Banco Central considera um “sucesso estrondoso”.
A crescente utilização do sistema também tem gerado efeitos indiretos no mercado de cartões. Com mais brasileiros bancarizados, aumentou o uso de cartões de débito e crédito, criando um ciclo positivo de digitalização e formalização da economia. Portanto, o Pix não canibalizou as demais tecnologias, mas sim as potencializou.
Desse modo, Galípolo frisou que a expansão dos meios de pagamento está diretamente relacionada à maior participação financeira da população. “Estamos falando de milhões de novos consumidores no sistema bancário, o que impulsiona todo o ecossistema”, explicou o executivo do BC.
Projeto amadureceu com continuidade institucional
Durante o evento, o presidente do Banco Central fez questão de destacar que o Pix é fruto de um longo trabalho institucional iniciado em 2013. A proposta começou a ser construída tecnicamente em 2018 e só foi lançada em 2020, sob a presidência de Roberto Campos Neto. A continuidade do projeto entre diferentes gestões é, segundo ele, um diferencial.
“O Pix é resultado de uma corrida de bastão dentro do Banco Central. O trabalho começou em uma gestão e foi entregue por outra. Isso mostra como instituições fortes produzem bons resultados”, afirmou. Essa maturidade institucional, na visão de Galípolo, foi determinante para que o Pix alcançasse tamanha capilaridade.
Ademais, ele também reiterou que o sistema é uma infraestrutura pública e estratégica, o que garante estabilidade e confiança para os usuários. Por esse motivo, o modelo continuará sendo administrado diretamente pelo Banco Central, evitando possíveis conflitos de interesse com entes privados.
Além disso, Galípolo reforçou que o Pix permanecerá gratuito para pessoas físicas, o que garante acesso irrestrito ao sistema. Portanto, a decisão visa manter a inclusão digital e evitar a exclusão de camadas mais vulneráveis da sociedade.
Infraestrutura crítica e modelo público
O presidente do BC também abordou o papel do Pix como infraestrutura crítica para o país. Segundo ele, manter o controle estatal sobre a tecnologia é uma forma de garantir segurança nacional e soberania digital. Isso se mostra ainda mais importante à medida que o Brasil passa a depender fortemente de transações digitais.
Além disso, ele afirmou que o Banco Central possui plena capacidade técnica para administrar o sistema, além de atuar com transparência e responsabilidade. “Como vimos agora, o Pix se tornou uma infraestrutura estratégica para o país. É vital que continue sob a gestão do BC”, declarou.
Ademais, outro ponto destacado é que a interoperabilidade entre o Pix e outras plataformas, como carteiras digitais, reforça sua posição como pilar central da inclusão financeira. Ao permitir transações entre diferentes bancos e fintechs, o sistema promove concorrência e inovação.
Por fim, mesmo com esse avanço, Galípolo afirmou que o BC continuará promovendo melhorias na plataforma. Entre as próximas etapas estão o Pix automático e o Pix internacional, que devem ampliar ainda mais o alcance da ferramenta.