Jogo duro

Pix parcelado some do radar: BC trava projeto e foca em guerra contra fraudes

Banco Central suspende estreia do recurso e adia para 2026, priorizando medidas contra brechas exploradas pelo crime organizado.

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  • Banco Central adia Pix parcelado para 2026 e prioriza reforço na segurança.
  • Novas medidas incluem limite de transações, combate a contas laranja e monitoramento de criptoativos.
  • Regulamento pode atrasar até três meses, mas ferramenta não foi descartada.

O Banco Central decidiu deixar em segundo plano o aguardado Pix parcelado, ferramenta que permitiria dividir pagamentos com crédito imediato ao recebedor. Previsto para setembro, o lançamento foi empurrado para 2026.

A decisão acontece em meio ao aumento das pressões por mais segurança, após fraudes milionárias e ligações entre instituições financeiras e o Primeiro Comando da Capital (PCC). A prioridade agora é reforçar regras e fechar brechas usadas por criminosos.

Segurança assume o centro do jogo

Entre as medidas já anunciadas está o limite de R$ 15 mil em transferências por Pix ou TED realizadas por instituições sem licença, além da obrigatoriedade de rejeição de operações com indícios consistentes de fraude. Essas mudanças buscam blindar o sistema financeiro de ataques que vinham crescendo nos últimos meses.

O Banco Central também abriu consulta pública para elevar as exigências impostas a intermediários de transferências internacionais (eFX). Essa revisão regulatória mira justamente os pontos onde criminosos exploravam fragilidades, inclusive em operações com criptoativos.

O movimento, segundo técnicos, tem como objetivo preservar a confiança dos usuários no sistema de pagamentos instantâneos. A avaliação interna é que um avanço rápido do Pix parcelado poderia ampliar riscos no momento em que fraudes estão em alta.

Novo calendário para o Pix parcelado

Antes da mudança, o regulamento da funcionalidade sairia em setembro, com fase de convivência até março de 2026. Agora, a previsão é que o regulamento seja publicado apenas em outubro, enquanto o manual de experiência do usuário deve sair apenas em dezembro.

Fontes ligadas ao processo afirmam que o atraso pode chegar a três meses, empurrando o início da operação definitiva para 2026. Além disso, para especialistas, a postergação mostra que a agenda de segurança passou à frente de inovações no sistema financeiro.

Apesar do adiamento, o Banco Central sinaliza que manteve a ferramenta, apenas reposicionando-a no calendário. Portanto, a aposta é de que, quando lançada, venha com protocolos de segurança mais robustos.

Estratégia de contenção

O pacote anunciado também inclui regras mais rígidas sobre contas laranja e contas-bolsão, instrumentos frequentemente usados para escoar dinheiro ilícito. Além disso, operações suspeitas com criptoativos passarão a ter monitoramento mais duro.

Ademais, para o BC, a efetividade dessas medidas será determinante para recuperar o controle diante do aumento da sofisticação das quadrilhas. Nesse cenário, a inovação cede espaço à contenção imediata de riscos.

Por fim, com a pressão crescente por respostas rápidas, a autarquia mostra que prefere atrasar novidades a ver o sistema perder credibilidade. O Pix parcelado, embora aguardado, terá que esperar por um ambiente mais seguro.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.