
A Brava Energia (BRAV3) anunciou, na noite da última quinta-feira (8), que decidiu encerrar as negociações relativas ao desinvestimento de seus ativos onshore e de águas rasas localizados no estado da Bahia.
A decisão marca uma reviravolta estratégica da petroleira, que vinha considerando a venda desses campos como parte de um plano mais amplo de foco em projetos offshore. Mas por que a companhia optou por manter os ativos?
A resposta está nos números e na nova visão de futuro da empresa. Segundo comunicado da Brava, a decisão foi impulsionada pelos “recordes de produção e maior eficiência operacional dos ativos onshore da Bahia ao longo dos últimos trimestres”, que reforçaram sua relevância no portfólio da companhia.
Esses resultados fortaleceram a posição da Brava no segmento de gás natural, uma área de interesse crescente no cenário energético brasileiro e global. Além disso, ampliam as sinergias de um portfólio integrado.
Ao mesmo tempo, a empresa celebra conquistas relevantes no mar: a entrada em operação do FPSO Atlanta e os avanços na eficiência do campo de Papa-Terra, seus dois principais projetos offshore, consolidam a capacidade da Brava de gerar valor em diferentes frentes.
Dessa forma, em vez de concentrar seus esforços em um único tipo de operação, a companhia escolheu manter um portfólio mais diversificado.
“Optamos por preservar a resiliência produtiva em um mercado dinâmico, evitando os riscos da concentração de ativos”, explicou a administração da Brava.
Desempenho dos ativos da Brava
Em abril de 2025, a Brava alcançou seu recorde de produção diária total bruta: 81,8 mil barris de óleo equivalente por dia (kboed), um salto de 15% frente à média do primeiro trimestre deste ano (1T25).
O número consolida um novo patamar operacional, com destaque para os ativos offshore, como Papa-Terra e Atlanta, mas também evidencia a solidez dos campos onshore.
A performance recorde de abril decorre de três fatores principais:
- Melhoria operacional em Papa-Terra, com incremento de 47% na produção frente ao mês anterior, atingindo 11,4kboed — o melhor desempenho desde dezembro de 2023;
- Resultados preliminares promissores dos poços 4H e 5H do campo de Atlanta, cuja produção cresceu 38% no mês, alcançando 27,2kboed — com expectativa de novos avanços em junho, quando os poços 2H e 3H devem entrar em operação;
- Estabilidade e resiliência nos ativos onshore, com destaque para a continuidade operacional no Recôncavo (9,5kboed), avanços em projetos de recuperação no Potiguar (24,4kboed), e expectativa de retomada da produção em Manati ainda em maio.
Como o mercado avalia a petroleira?
Apesar do otimismo operacional, analistas da Genial Investimentos mantêm uma visão cautelosa sobre o papel da Brava no mercado de capitais.
A recomendação geral para BRAV3 permanece em “manter”, dado o cenário macroeconômico ainda desafiador para empresas do setor de óleo e gás.
O preço do Brent já caiu cerca de 18% desde o início do ano, estabilizando-se próximo aos US$ 62 o barril — patamar que pressiona as margens do setor.
Além disso, embora a Brava tenha demonstrado avanços operacionais consistentes, os dados mais recentes da certificação de reservas foram considerados “marginalmente negativos” por algumas casas de análise, indicando que o crescimento pode estar mais associado à eficiência do que a expansão efetiva de reservas.
Assim, empresas concorrentes como a Prio (PRIO3) seguem sendo apontadas como alternativas com maior potencial de valorização, diante de gatilhos de crescimento mais claros e menor risco relativo.