- IPCA sobe 1,31% em fevereiro, maior alta para o mês desde 2003
- Aumento de 16,8% nas tarifas impulsiona a alta dos preços
- Inflação pode seguir acima do teto da meta até junho
A inflação oficial do Brasil registrou forte aceleração em fevereiro, atingindo 1,31%, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira. O aumento expressivo foi impulsionado, principalmente, pela alta de 16,8% nas tarifas de energia elétrica residencial, refletindo a recomposição do desconto concedido em janeiro. Esse é o maior índice para o mês desde 2003, quando o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 1,57%.
Inflação acumula alta e ultrapassa 5%
O IPCA acumulado em 12 meses voltou a superar a marca de 5%, alcançando 5,06% no período entre março de 2024 e fevereiro de 2025. O número representa a maior alta desde setembro de 2023, quando atingiu 5,19%. No mesmo período do ano passado, a inflação acumulada estava em 4,51%, demonstrando uma trajetória ascendente que preocupa analistas e investidores.
Meta de inflação segue acima do limite
A alta dos preços mantém o IPCA acima do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) pelo quinto mês consecutivo. Com o centro da meta fixado em 3%, a margem de tolerância permite variação entre 1,5% e 4,5%. No entanto, o avanço dos preços tem mantido o índice fora desse intervalo, o que pode levar o Banco Central a justificar formalmente o descumprimento das metas caso a inflação continue acima do teto nos próximos meses.
Energia elétrica pressiona inflação
A alta de 16,8% na energia elétrica residencial foi o principal fator para a aceleração da inflação em fevereiro. O reajuste reflete a recomposição do “Bônus Itaipu”, um desconto concedido nas contas de luz em janeiro devido ao saldo positivo da Hidrelétrica de Itaipu. No mês passado, a energia teve queda de 14,2% por conta desse abatimento, beneficiando cerca de 78 milhões de consumidores.
Banco Central prevê inflação elevada até junho
Diante da falta de sinais de desaceleração nos preços, o Banco Central prevê que a inflação continuará acima de 4,5% até pelo menos junho. Caso a alta se mantenha acima do teto da meta por seis meses consecutivos, a autoridade monetária precisará apresentar justificativas formais sobre o descumprimento da meta inflacionária.
A expectativa agora é de como o governo e o Banco Central vão atuar para conter a alta dos preços e evitar impactos mais severos na economia e no poder de compra da população.